Não é nenhuma novidade dizer que Caxias do Sul é a cidade do trabalho. Aliás, é orgulho municipal, digno de choque, inclusive em tempos de restrições sanitárias em meio a pandemia. No entanto, a Serra também reserva um apreço por relações associativas, como as cooperativas e sindicatos. É nessa esteira que aparece o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), uma das entidades mais longevas do município, oficialmente reconhecido como tal em 25 de novembro de 1957.
Desde a primeira reunião, em 27 de abril de 1957, com empresários da Associação Profissional das Indústrias Metalúrgicas de Caxias do Sul, que veio a ser o embrião o Simecs, o mundo virou de cabeça para baixo.
Um sem fim de planos econômicos e promessas de tornar o Brasil o país do futuro foram empilhados na mesa do sindicato. Apesar das crises sucessivas, importa sempre lutar pelos interesses da categoria. No entanto, quando entrou em vigor a Lei 13.467/2017, publicada no Diário Oficial da União em 14 de julho de 2017, que pregava a extinção da exigência obrigatória da contribuição sindical, seja por trabalhadores ou empresas, mais uma muralha precisava ser transposta.
Se cada uma das micro e pequenas empresas contratar um ou dois funcionários a mais, podemos gerar 50% a mais de empregos.
PAULO ANTÔNIO SPANHOLI
Presidente do Simecs
A primeira questão que se estabelecia a partir dessa nova legislação era saber como torná-lo relevante apesar do cenário desfavorável. E aí, veio a pandemia e bagunçou um pouco mais as coisas. Para entender qual caminho tomar, a diretoria do Simecs da gestão 2019/2022, presidida por Paulo Antônio Spanholi, decidiu realizar uma pesquisa, a fim de que se pudesse construir um planejamento estratégico.
– Quando caiu a obrigatoriedade da contribuição, veio a necessidade de uma reflexão profunda para todos os sindicatos. Anteriormente, os sindicatos ficavam muito pautados nas negociações de dissídios e legislações, e ainda fazemos isso. Mas não é mais o suficiente – argumenta Daniel Ely, vice-presidente Administrativo Financeiro do Simecs.
Atualmente, o sindicato representa, 3,3 mil empresas, distribuídas em 17 municípios, com 52 mil postos de trabalho, cujo faturamento do segmento em todos os municípios da base resulta em R$ 23 bilhões por ano. Sendo que 80% dos associados do Simecs são donos de micro e pequenas empresas. Esse público, aliás, revelou-se desassistido pela entidade na pesquisa de diagnóstico. A partir disso, o sindicato repensou sua atuação.
– Esse foi um achado, na verdade, porque assim poderíamos nos posicionar mais como um hub de conexão entre as necessidades e soluções dessas pequenas e microempresas, do que atuar apenas como um sindicato – explica Ely.
Um dos temores do Simecs, quando do fim da obrigatoriedade de contribuição, era justamente com a menor arrecadação. No entanto, Ely diz que a reformulação do sindicato fez com que os empresários se remobilizassem.
– Em relação a 2019, no ano passado tivemos incremento de receita. Registramos em torno de 15% de crescimento. E muitos que não estavam ativos, ao perceberem a mudança do Simecs, voltaram a se reconectar.
Foco nas micro e pequenas empresas
Paulo Spanholi cita como um dos exemplos dessa nova forma de atuação da entidade o evento Simecs Transforma, realizado em 25 de maio, alusivo ao Dia da Indústria, que contou, inclusive, com palestra do governador Eduardo Leite.
– Em um dos painéis, tivemos uma aula com o Daniel Randon, o Clovis Tramontina e o Mauro Bellini, que contaram a história de que a Randon, a Tramontina e a Marcopolo começaram com quatro ou cinco funcionários e hoje elas são ícones mundiais nos seus produtos. Queremos criar um ambiente, no sindicato para que essas empresas, hoje micro, daqui 50, 60, 70 anos tenham a mesma condição de serem representativas como esses ícones – deseja Spanholi.
Em relação a 2019, no ano passado tivemos incremento de recita. Registramos em torno de 15% de crescimento.
DANIEL ELY
Vice-presidente administrativo-financeiro do Simecs
O presidente enfatiza ainda que, ao estabelecer uma melhor rede de apoio aos micro e pequenos empresários, com orientação tecnológica, administrativa e financeira, com ênfase em uma melhor competitividade dessas empresas, a expectativa de empregabilidade se amplifica.
– Esse perfil de empresa tem, geralmente, três ou quatro funcionários. Como são numerosas, se cada uma delas contratar um ou dois funcionários a mais, podemos gerar 50% a mais de empregos. Se o enfoque dos governos fosse esse, pensa na quantidade de emprego e renda que seria possível criar – avalia Spanholi.
Confira algumas das ações recentes do Simecs
Desenvolvimento dos associados
Um dos enfoques dessa nova fase do Simecs, é dar suporte e desenvolvimentos dos associados. No último ano, a entidade lançou diversos programas como:
Gestão Fácil - Foco nas micro e pequenas empresas, o projeto busca desenvolver e instrumentalizar os associados nas áreas de gestão em finanças, marketing/vendas e processos.
Empreendedorismo Internacional - Programa desenvolvido pela Universidade de Durham (Inglaterra), que oferece orientação para as empresas que pretendem iniciar no mercado internacional, de forma sustentável, quanto para as que querem elevar a competitividade de companhias que já estejam atuando no exterior. É um programa pensado de forma exclusiva para os associados do Simecs.
Do Lean à Indústria 4.0 - Projeto tem o objetivo de inserir as indústrias no processo de transformação digital, indústria inteligente e cultura da inovação, além de promover a competitividade, fortalecendo toda a cadeia produtiva e ampliando a sustentabilidade do setor.
Debates e palestras
O Simecs passou também a realizar importantes eventos e encontros para debater os principais temas do setor, reunindo especialistas e autoridades do Estado:
Simecs Transforma - A primeira edição ocorreu em 25 de maio, de forma virtual, alusivo ao Dia da Indústria. O objetivo é reunir um conjunto de profissionais para debater as transformações do setor industrial e os caminhos para fortalecer a competitividade nas empresas.
Simecs Conecta - Evento digital realizado durante a 29ª Mercopar (em 2020) com a presença de palestrante de renome seguido de debate. Previsão para nova edição ocorrer no último trimestre de 2021.
Papo com especialistas - Palestras on-line regulares com especialistas, em especial das áreas ligadas aos aspectos legais que impactam as empresas, com o objetivo de amparar os empresários principalmente neste momento desafiador.
Conexão Tendências - Eventos regulares para desenvolver a prática de networking entre os associados, apresentando novas tendências de mercado e da indústria 4.0, visando gerar reflexões e aplicações práticas para a cadeia produtiva da Serra, buscando o aumento da competitividade.