Carlos Alexandre Jorge da Costa, secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, palestrou na terça-feira (02/06), na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC-Caxias). Além disso, visitou empresas e entidades de classe da cidade e pretende estender sua tour pela Serra, nesta semana, em Vacaria e Bento Gonçalves.
Costa aterrissa no município, cerca de 15 dias após a visita de empresários caxienses à Brasília, em uma comitiva encabeçada por CIC e Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs). E, como nada é por acaso, Costa aporta ao município um dia depois do anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) do 1º trimestre, divulgado pelo IBGE, que atingiu a marca de 1,2%.
O crescimento é comparativo aos três últimos meses de 2020 e, de tão surpreendente, positivamente, já abre espaço para especulações de um patamar otimista em 3%, no final do ano ou, superotimista, entre 4,5% a 5%, como defende o ministro da Economia Paulo Guedes. Inclusive, durante a reunião-almoço, transmitida a partir da CIC pelas plataformas digitais da entidade, o próprio Carlos da Costa defendeu que o “Brasil precisa crescer 5% ao ano”. E nos momentos em que sustentou sua posição, aproveitou para reforçar a mudança de rumo, mais liberal na condução econômica do país, como estratégia para alcançar esse resultado.
— Quando assumimos, pegamos o Brasil, com um clima empresarial muito ruim. Foram décadas de desprezo pelo setor produtivo, aumento de impostos e burocracia, com juros pornográficos, vivíamos em um manicômio tributário e com uma taxa de câmbio que massacrava a indústria. Vimos um Brasil que tinha parado de sonhar com uma taxa de crescimento de 5%, e que estava achando bom crescer 1,5%, ao ano — contestou.
Além disso, o secretário foi enfático ao explicar qual é a posição do governo federal no que diz respeito ao rumo da economia do país.
— Nossa bandeira sempre foi tirar o estado do cangote do empresário. Nosso lema é “menos Brasília e mais Brasil”. Um Brasil que valoriza quem trabalha, produz e gera emprego e renda, que é o setor privado — resumiu.
E complementou:
— Nossa agenda é liberal, de reformas que transformem o país em um ambiente de negócios mais livre. Essa região cresceu por meio de quem trabalha e acredita no futuro e, não, por causa do governo — afirmou, revelando que conhece bem a Serra, não apenas as empresas, mas, também, a gastronomia, citando que gosta de sopa de agnolini, degustando um bom vinho da região.
Se fosse em um cenário sem pandemia, com o secretário palestrando na bancada da CIC, em meio a um restaurante apinhado de empreendedores, certamente sua posição teria recebido aplausos efusivos. Não apenas pela ode à gastronomia, mas por sua posição, de um secretário de governo focado em um país com maior liberdade aos empreendedores.
Agenda liberal
Carlos da Costa explicou ainda que a agenda liberal do governo Bolsonaro, sob a batuta do ministro Paulo Guedes, é norteada por três dimensões: Melhoria do ambiente de negócios, Choque de investimento privado e Futuro digital e produtivo.
Com relação à melhoria do ambiente de negócios, Costa frisou:
— A lei de liberdade econômica, além de várias outras ações, já têm trazido muitos resultados. Mas a nossa meta para os próximos 10 anos é a redução do custo Brasil em R$ 1 trilhão. Isso não é um chute, é baseado em cálculo. Sabemos o que precisamos fazer e temos uma agenda com 22 medidas prioritárias que estão no Congresso.
No que se refere ao choque de investimento privado, o secretário revelou:
– Até o final do nosso governo queremos implementar uma série de ações para atrair investimentos privados. Vamos chegar a R$ 107 bi, por ano, e temos tudo mapeado para isso.
E, por fim, sobre o Futuro digital e produtivo, Costa disse:
— Nosso investimento em startups aumentou mais de 100% desde o início do governo e, até 2025, nosso programa de aceleração de startups será o maior do mundo. E pretendemos ter 10 milhões de profissionais qualificados em habilidades do futuro.
Apesar da crise, Caxias abriu mil novas empresa neste ano
Durante a reunião-almoço, conduzida pelo presidente da CIC, Ivanir Gasparin, o secretário Carlos da Costa fez questão de revelar dados sobre Caxias e a região da Serra. Apesar de toda a crise econômica, deflagrada pela crise sanitária, Costa revela que a Serra tem, registradas, 104 mil empresas.
Desse total, 61 mil estão estabelecidas em Caxias; 17 mil, em Bento; 8 mil, em Farroupilha, e as demais nos outros municípios.
Em 2020, 906 empresas fecharam, por não conseguirem suplantar a crise. No entanto, argumenta Costa, outras 975 foram abertas. Isso resulta em um saldo positivo de 69 empreendimentos.
— No ano passado, mesmo com a pandemia, tivemos aumento líquido no número de empresas da Serra gaúcha, e isso vinha caindo nos anos anteriores — comentou o secretário.
De janeiro a maio deste ano, revela Costa, haviam encerrado suas atividades 573 empreendimentos na região. Em contrapartida, outras 1.680 novas empresas foram abertas.
— Só em Caxias, abriram 1.043 empresas neste ano. Esse é um numero absolutamente impressionante e demonstra que precisamos ter menos governo dizendo o que o empresário tem de fazer. Queremos menos planos de governo e mais apoio para as empresas, para que elas sejam mais livres para empreender e para crescer. A história da Serra gaúcha sempre foi de busca pela liberdade, desde que os italianos vieram para cá em busca da liberdade para empreender — resumiu Costa.
Carlos da Costa reúne-se com a diretoria do Simecs
Um dos compromissos do secretário foi a visita ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). Além de Carlos da Costa, estiveram presentes, na tarde quarta-feira (02/06), uma comitiva com representantes do Ministério da Economia, incluindo o secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, Jorge Lima e o secretário da Infraestrutura, Gustavo Ene. Eles foram recebidos pelo presidente do Simecs, Paulo Spanholi, e o vice-presidente de Relações Institucionais, Ruben Antonio Bisi.
Na ocasião, o Simecs mencionou a necessidade de atenção para alguns temas envolvendo a indústria e entregou uma carta com pleitos para o setor. Entre os temas abordados e entregues para os secretários está a revisão das Normas Regulamentadoras, que hoje trazem prejuízos financeiros e técnicos, inviabilizando a criação ou manutenção de empresas e empregos e impactando diretamente no Custo Brasil e na competitividade da indústria nacional.
Além disso, o sindicato também menciona o pleito envolvendo questão tributária, especialmente sobre o limite de faturamento anual para opção do regime de tributação pelo lucro presumido. Na oportunidade, o Simecs abordou a situação da escassez e do aumento do valor do preço do aço, realidade que vem afetando a indústria e que se tornou um dos principais desafios para o setor no último ano.
— O encontro com os secretários foi fundamental para tratarmos de questões primordiais para o nosso segmento. Vivemos hoje um cenário particular no nosso setor e precisamos contar com apoios e reformulações que contribuam para a competitividade da indústria — salientou Spanholi.