Mesmo impulsionado pela indústria, o primeiro trimestre de 2021 fechou com retração nas atividades econômicas de Caxias do Sul. A queda foi de 1,2%, amenizada pelo setor industrial, que cresceu 17,2%. Por outro lado, o comércio registrou um declínio de 20% e os serviços, de 23,6%.
Os dados foram divulgados na tarde desta quinta-feira (13) pela Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul. O relatório trouxe o desempenho de março, com avanço geral de 3,1% sobre fevereiro. O índice foi puxado pela indústria, único setor a apresentar alta, de 11,7%, em relação ao mês anterior.
— Com uma certa surpresa, a gente conseguiu um desempenho positivo tanto em relação a fevereiro quanto ao ano passado. Claro que isso ainda está concentrado na indústria. Esse primeiro trimestre, com todas as restrições que a gente teve, eu considero um trimestre bom para a indústria — pontuou a economista Maria Carolina Gullo, diretora de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
O comércio, por outro lado, foi fortemente impactado pela bandeira preta, que fechou as portas das lojas por 20 dias, e caiu 18,2%. Enquanto isso, o setor de serviços permaneceu praticamente estável, com uma queda de 0,1%.
— Ao contrário da indústria e serviços que estão reagindo, o comércio da cidade se encontra colapsando devido à pandemia. É difícil falar isso, mas é o que está acontecendo — lamentou o economista Mosár Leandro Ness, assessor de Economia e Estatística da CDL.
A expectativa para os próximos meses, disse o professor, está atrelada ao processo de vacinação contra o coronavírus. O avanço da campanha deve dar mais tranquilidade para a circulação de pessoas. Outro ponto esperado é o fim do modelo de distanciamento controlado, que deve ser substituído por um novo sistema. O governo do Estado já anunciou que irá retirar a restrição de horário de funcionamento das atividades econômicas, mas o detalhamento deve ocorrer até o sábado (15).
— Qualquer medida de flexibilização deve colaborar para o comércio. A gente sabe que o momento ainda enseja cuidados extremos, mas acredita que neste momento a gente já tem o domínio do manejo que as lojas devem ter e os protocolos que devem seguir com a pandemia — destacou Ness.
"A indústria é a catalisadora do processo de retomada", diz Schmitt
Os dados mais consistentes de recuperação apresentados pela indústria em fevereiro e março animam os especialistas, já que este setor é o motor da economia caxiense. A expectativa é que, com esses números positivos, o comércio e os serviços ‘surfem na onda’ nos próximos meses.
— O comércio e serviços continuam penando. Acho que isso é histórico. A indústria é a catalisadora do processo de retomada. Com isso, cresce o emprego, a massa salarial e beneficia um pouco mais a frente o comércio e os serviços — projeta Astor Milton Schmitt, diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
Para Schmitt, as projeções de crescimento em economias importantes do mundo, como Estados Unidos, Europa e China, também vão influenciar positivamente o Brasil. Segundo ele, a perspectiva é de aquecimento do mercado de commodities, o que deve ser significativamente importante para o país. A preocupação, diz o diretor da CIC, fica por conta da possibilidade de inflação nessas nações, o que traz um movimento em cascata.
Balança comercial
No acumulado de 12 meses, a balança comercial caxiense registrou um desempenho negativo de 24%. Isso foi resultado da queda de 22% nas exportações e de 20,7% nas importações. No acumulado de janeiro a março, a queda da balança comercial da principal economia da Serra ficou em 53,1%.
Mercado de trabalho
No primeiro trimestre do ano, Caxias teve aumento no número de empregos formais. A variação positiva foi de 2,9% ou 4.379 novas vagas.
O município fechou março com 152.420 postos de trabalho com carteira assinada. Aliás, o terceiro mês do ano registrou 814 vagas abertas e com destaque, mais uma vez, para a indústria que foi o setor que mais gerou empregos, um total de 649.
Comércio, a construção civil e os serviços também tiveram saldo positivo. Apenas a agropecuária teve mais demissões que contratações, o que é esperado em função do fim de safras de frutas, como a uva.