Após três meses acumulados de retração, o comércio de Caxias do Sul apresentou avanço de 7,1% em abril, na comparação com março de 2021. O setor foi o único a crescer, já que serviços teve declínio de 12%, enquanto que a indústria recuou 1,2%, no mesmo período. Com isso, a economia caxiense fechou o quarto mês do ano em queda, de -3%. Mesmo assim, especialistas projetam melhor desempenho para os próximos meses.
Na apresentação dos dados, feita pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC), de Caxias do Sul, nesta terça-feira (15), os apontamentos revelam um cenário complexo, impactando, principalmente, os dois setores com retração. No caso de serviços, a base para medição do desempenho é o pagamento de ISSQN, que pode ser parcelado e, por isso, os especialistas apontaram que possa haver uma "contaminação" dos dados, pois eles não refletem exatamente o quadro analisado. Já a indústria também foi influenciada pela falta de matéria-prima.
— Em virtude de que o mercado está em desequilíbrio na parte dos insumos, muitas vezes, as empresas têm os pedidos e estão produzindo, mas têm que parar um pouco ou reduzir o ritmo, porque está faltando um determinado componente e ela vai acabar faturando somente no mês seguinte — explicou a economista Maria Carolina Gullo, da diretoria de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
O crescimento do comércio foi comemorado, já que a última vez em que um número positivo tinha aparecido na comparação mês a mês foi em novembro de 2020, quando ocorreu a Black Friday e a antecipação das compras de Natal. O economista Mosár Leandro Nesss destacou que os números de abril, de Caxias do Sul, são congruentes com o desempenho nacional.
— Isso denota a resiliência que esse setor vem apresentando em relação à pandemia. Isso não é uma exclusividade do comércio do município de Caxias do Sul. De uma maneira geral, os números do IBGE também apontam uma expansão na ordem de 1,8%, mesmo que o consumo das famílias tenha diminuído no período. Então, nós estamos conseguindo vencer essa fase pior — pontuou o assessor de Economia e Estatística da CDL.
O dado positivo de abril, que gera otimismo ao setor, deve vir junto com a perspectiva de que os meses de maio e junho, por causa do Dia das Mães e Dia dos Namorados, também tenham a continuidade de crescimento.
— Na medida em que a pandemia for controlada gradativamente, e a vacinação avançar, a tendência é de que seja um movimento sustentável — comentou Joarez José Piccinini, integrante da diretoria de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
Perspectivas animadoras
Apesar do resultado negativo em abril, no índice geral, queda de 3% para a economia de Caxias do Sul, nem, isso é suficiente para que as projeções permaneçam ruins para os próximos meses. O mercado internacional está aquecido com a injeção de recursos dos governos em seus países, movimenta o agronegócio brasileiro, que exporta commodities, e a tendência de avanço da vacinação contra o coronavírus também deve influenciar no mercado brasileiro. Consequentemente, a economia caxiense também vai se beneficiar:
— Sem dúvida nenhuma, estamos convictos de que há um processo de retomada. Certamente vamos fechar o ano com números positivos e a perspectiva um pouco mais a frente também é positiva, porque se olharmos um cenário global, há uma clara indicação de demanda crescente, principalmente de commodities — afirmou o Astor Milton Schmitt, que compõe a diretoria de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
A expectativa é de uma recuperação gradual, o que é suficiente para animar o comércio, fortemente impactado pelos movimentos de abertura e fechamento desde março de 2020.
— Pensamos que a economia vai retomar no segundo semestre, não na velocidade que gostaríamos, mas, mais para a frente — destacou o gerente Administrativo Financeiro da CDL Caxias do Sul, Carlos Alberto Cervieri.
Os 12 meses de pandemia
Pela primeira vez, o levantamento feito pelas entidades empresariais trouxe o desempenho da economia caxiense em 12 meses de pandemia. No acumulado deste período, o encolhimento geral foi de 4,1%. A indústria, porém, foi o único setor a alcançar índice positivo (10,3%), o setor de serviços teve a retração mais acentuada, de 22,6%. Já o comércio, reduziu 17,2%.
Na apresentação, a economista Maria Carolina Gullo pontuou que a indústria foi a primeira a começar a recuperação, ainda no primeiro semestre do ano passado, enquanto que serviços e comércio estão reagindo com menos evidência. Porque, apensar de o comércio, por exemplo, atingir 7% em abril, na comparação com março deste ano, no acumulado de 12 meses ainda carrega muito peso negativo. Pior ainda serviços, que acumula a queda mais acentuada e segue sem previsão de reação mais forte.