Mais um anúncio de dados econômicos revisando 2020, o ano pandêmico, em que os economistas ponderam sobre os índices negativos. Na reunião de quinta-feira (04/02) à tarde, na Câmara de Indústria Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), não poderia ser diferente. A uma só voz, diretores da CIC e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), disseram que o ano passado foi ruim, mas poderia ter sido pior.
A desaceleração da economia caxiense resultou em queda de 8,3%, em relação a 2019. Todos os setores tiveram desempenho negativo, com declínio mais acentuado no setor de Serviços (-16,9%) e Comércio (-16,7%), enquanto que a Indústria aparece com retração menos expressiva de (-0,9%), muito próximo da estagnação.
— A queda da economia como um todo, de -8,3%, não é um bom índice, claro. Mas, perto do que imaginávamos do que poderia ocorrer, visto os dados negativos expressivos que tivemos em abril e maio do ano passado, faz com que o resultado final seja satisfatório — avalia a economista Maria Carolina Rosa Gullo, diretoria de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
Se isolarmos o mês de dezembro, da avaliação do ano passado como um todo, há uma clara demonstração de que a economia caxiense está reaquecendo, ainda a passos lentos, mas dando sinais de melhora. Conforme o boletim Desempenho da Economia dezembro apresentou estagnação de -0,1%, se comparado a novembro de 2020. O setor de Serviços evoluiu com acréscimo de 7,3%, seguido pelo Comércio, que acelerou 3%, com o melhor desempenho do ano. A indústria, no entanto, teve retração de -5,1%, em relação a novembro. A queda do setor industrial nos meses de dezembro, tem sido observada também nos últimos anos, porque é o mês que ocorrem alguns ajustes na operação.
— O setor de comércio fecha dezembro em alta de 3%. Se observarmos dezembro de 2020, contra 2019, há uma queda de 20% e, no ano, índice de -16,7%. O comércio teve de aprender a vender online e aproximar os clientes por outros canais. Por isso, temos de louvar o fato de o setor crescer 3% em dezembro, em relação a novembro — comemora o economista Mosár Leandro Ness, assessor de economia e estatística da CDL.
De todos os setores, o que mais sofreu os efeitos da pandemia, na economia, foi Serviços, que termina 2020 com o pior índice, -16,9%.
— Serviço foi o setor que a gente se compadeceu ao longo do ano. Foi o setor com a maior dificuldade para se recuperar, em função de toda a complexidade desse segmento. Foi extremamente prejudicado, porque boa parte das suas atividades envolve aglomeração de pessoas, com eventos de lazer e entretenimento, que foram proibidos ao longo do ano — justifica Maria Carolina.
No entanto, o fator positivo é que, em dezembro, serviços cresceu 7,3% em relação a novembro do ano passado.
— É um excelente índice, mas acredito que o setor ainda vai demorar a se recuperar plenamente —complementa Maria Carolina.
Aceleração da economia depende da vacinação e da agenda de reformas
Diretoria da CIC e CDL defendem como propulsores da economia brasileira, que vai acabar por acelerar a cadeia produtiva regional, mais agilidade na vacinação e também da votação das reformas estruturantes.
— A CIC tem feito um apelo junto ao governo estadual, em conjunto com a Fiergs, Federasul, Fecomércio, entre outras entidades, para que, assim que sobrarem vacinas no mercado, a iniciativa privada possa comprar doses. Claro que não é hoje que isso vai acontecer, mas logo que seja possível. Até porque, é uma incongruência quem pode pagar pela vacina, que seja atendido pelo estado. Essa é a posição da casa — defende Ivanir Antônio Gasparin, presidente da CIC.
O diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC, Joarez José Piccinini, explica que as reformas estruturantes, como a administrativa, política e tributária, bem como a agenda de privatizações, são urgentes para que se tenha perspectiva de combate à Dívida Pública Federal (DPF). Conforme dados do Plano Anual de Financiamento (PAF), do Tesouro Nacional, 2020 encerrou com dívida pública ligeiramente acima de R$ 5 trilhões. Estima-se que ao fim de 2021 o montante fique entre R$ 5,6 trilhões e R$ 5,9 trilhões.
— É fundamental que as reformas avancem no Congresso. São as reformas que vão aumentar o nível de confiança dos empreendedores, para que as empresas venham a contratar mais pessoas, e assim, tenhamos condições de recompor o poder de compra dos trabalhadores — argumenta Piccinini.
Caxias fecha 4.072 vagas em 2020
O ano de 2020 se encerrou com um total de 145.590 postos de trabalho em Caxias do Sul, com a retração de 4.072 vagas, o que representa queda de -2,7% em relação a 2019.
Segundo dados compilados do Observatório do Trabalho, da UCS, o pior estoque foi registrado em 2002, com 109.526 trabalhadores formais. 2020 também não é o pior ano em saldo do emprego. Em 2015, Caxias haviam fechado 14.165 postos de trabalho e, em 2016, outras 7.048 vagas foram suprimidas.
Portanto, os números de 2020 estão bem longe de serem os piores da série histórica a partir de 2014, outro momento de crise aguda da economia. Desde 2014 até agora, foram 24.110 vagas formais fechadas em Caxias.
Balança Comercial
Outro dado apresentado pela CIC foi o desempenho das exportações e importações do município. As exportações caíram 26,3%, enquanto as importações diminuíram 35,1% em 2020. Esse desempenho fez com que o saldo da balança comercial caxiense registrasse uma queda de -12,79% no ano passado.
Em 2020, os principais destinos das exportações caxienses foram Chile, Estados Unidos, México, Argentina e China. E os principais países de origem das importações foram China, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Suécia e Índia.