O resumo do mês de abril na economia caxiense é devastador. Em comparação à março deste ano, a queda foi de 24,3%. Todos os setores apresentaram índices negativos. Mas o dado que sintetiza a preocupação econômica e social é a relação de baixo crescimento e aumento do desemprego. Só em abril, 5.098 pessoas perderam o emprego, em Caxias do Sul, conforme dados da pesquisa Rais/Caged, do Ministério do Trabalho, Emprego e Renda.
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No acumulado do ano, de janeiro até o mês passado, o saldo de vagas no mercado de trabalho, em Caxias, é negativo em 3.136. As informações da economia local foram transmitidas à imprensa na tarde de terça-feira (23), na reunião virtual do Desempenho da Economia de Caxias do Sul, promovida pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
Astor Milton Schmitt, diretor de Economia e Finanças e Estatísticas da CIC, um dos participantes da reunião, ao lado do presidente Ivanir Gasparin, revelou preocupação com relação ao desemprego.
— Nós temos atualmente 147.526 empregos formais em Caxias. Mas lá atrás em 2013, em um dos nossos melhores anos da história, chegamos a ter 183.173. Pelas mais diversas razões, nós caxienses, entre 2013 e 2020, perdemos 36 mil empregos. Isso é preocupante e dramático. Perdemos mais empregos aqui do que a população de alguns dos nossos municípios vizinhos.
Além disso, o consenso da CIC é que além da crise econômica, que vem na esteira das medidas de combate ao coronavírus, o grande impasse brasileiro hoje é a crise política e as disputadas entre os grupos polarizados.
— Precisamos de alguma maneira reduzi a polaridade na sociedade. Vivenciamos um momento de confusão entre os poderes, sem precedentes, quer horizontais (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), quer verticais (governadores e prefeitos). Essa crise política, além da pandemia, mais destrói do que constrói. Por fim, gostaria de dizer, que a mídia, ao invés de ajudar, tem colocado mais lenta na fogueira ainda nessa confusão institucional, ao invés de ajudar a apagar o incêndio — critica Schmitt.
COMÉRCIO
O Comércio apresentou desaceleração de 27,8% em abril na comparação com março de 2020. O desempenho negativo é ainda maior na comparação com abril do ano anterior (- 40,5%). No ano, o comércio acumula perdas em -13,5%.
— Precisamos explicar que se trata de uma média, porque eu conheço bem o setor do comércio, e sei de gente que teve perdas de 75% — revela o presidente da CIC, Ivanir Gasparin.
O Assessor de Economia e Estatística do CDL, Mosár Leandro Ness, explica que o fechamento das atividades classificadas como não essenciais, que ocorreram no final do mês de março até boa parte do mês de abril, resultaram nesses índices negativos.
— Com a menor circulação das pessoas e com o fechamento do comércio, tivemos essa queda de 27%, em relação ao mês de março. Como em maio já tivemos a liberação de algumas atividades, as pessoas vagarosamente estão retomando, com muito cuidado as atividades, e acreditamos que vamos ter melhores resultados.
INDÚSTRIA
Assim como o comércio, a indústria também sofreu revés por conta das medidas de combate à covi-19. A atividade industrial de Caxias do Sul no mês de abril de 2020 mostrou desaceleração de 25,5% se comparada a março do mesmo ano.
— Todos os números são negativos, seja na comparação de um mês para o outro, ou do ano anterior, em todos os índices, Utilização da Capacidade Instalada, Horas trabalhadas, Compras industriais, Vendas Industriais, e Massa salarial. Tudo caiu — enumera a economista Maria Carolina Gullo, diretora de Economia, Finança e Estatística da CIC.
SERVIÇOS
Em abril de 2020, o segmento apresentou desaceleração de 20,3% em relação a março. Quando comparado com abril de 2019, evidencia-se declínio ainda maior de 24,4%. Com estes dados, no ano, o setor de serviços acumula redução de 3,7%.
— O setor de serviços sempre entra por último nas crises, mas também acaba sendo o último a sair. Geralmente, o setor costuma ter um comportamento em termos de crescimento, em menor proporção. No entanto, nesta crise, especificamente, está acompanhando as tendências de quedas observadas nos setores de comércio e indústria — pontua Maria Carolina.