Caxias do Sul fecha 2020 na contramão dos números do Brasil para o saldo de empregos formais. O município registrou o fechamento de 4.072 vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério da Economia (Caged), divulgados na tarde de quinta-feira (28/01).
Em dezembro, depois de quatro meses de saldo positivo, entre agosto e novembro, o número de demissões voltou a superar o de admissões em Caxias, estabelecendo uma diminuição de 713 vagas formais. Ao todo, no município, foram 55.905 admissões nos últimos 12 meses no município, contra 59.977 demissões. Já no país, foram abertas 142.690 vagas com carteira assinada. Os dados indicam 15.166.221 contratações contra 15.023.531 demissões no ano passado.
Os números negativos do ano foram puxados pelo setor de serviços, o mais impactado pela pandemia, com o fechamento de 1.915 vagas. Indústria vem a seguir, com 1.358 postos de trabalho a menos. Comércio e construção civil também terminaram o ano no negativo (confira na tabela abaixo os índices). O único setor que fechou 2020 positivo foi o da agropecuária, com saldo de 23 trabalhadores.
No quesito empregos em estoque, Caxias tem 146.590 trabalhadores formais empregados. Segundo dados compilados do Observatório do Trabalho, da UCS, o pior estoque foi registrado em 2002, com 109.526 trabalhadores formais. 2020 também não é o pior ano em saldo do emprego. Em 2015, Caxias haviam fechado 14.165 postos de trabalho e, em 2016, outras 7.048 vagas foram suprimidas. Portanto, os números de 2020 estão bem longe de serem os piores da série histórica a partir de 2014, outro momento de crise aguda da economia. Desde 2014 até agora, foram 24.110 vagas formais fechadas em Caxias.
— Se analisarmos o estoque de trabalhadores formais, sim, estamos com um índice menor. Mas esse dado tem decrescido ao longo dos últimos anos. Porque, em 2013 e 2014, nós chegamos a ter quase 180 mil trabalhadores formais empregados, enquanto que, em 2020, são pouco mais de 146 mil — pondera a economista e professora Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, coordenadora do Observatório do Trabalho da UCS.
O cenário do emprego passou a mudar em Caxias, a partir de agosto e se manteve até novembro, de 2020. Neste período, foram contratados 3.730 trabalhadores, no acumulado dos quatro meses. Em dezembro, como tem ocorrido historicamente em Caxias, as demissões aumentaram, gerando um saldo negativo de 713 postos fechados.
— Iniciamos 2020 com uma perspectiva de retomada da economia e, naturalmente, do emprego. Mas tivemos a surpresa negativa em março, da chegada da pandemia. Nos meses de março, abril e maio, tivemos um saldo bem negativo. Mas começou a mudar a partir de agosto, com mais emprego, puxado principalmente pela indústria, que voltou a contratar. Esses dados foram subindo até novembro, dando sinais de que estava melhorando — observa a economista.
Apesar do saldo negativo em 2020, a economista reconhece que o tombo poderia ter sido ainda pior. Visto que, em abril, Caxias havia fechado 5.301 postos, índice bem próximo a 2016, o segundo pior ano da série histórica.
— A leitura que faço de 2020 é a de que foi um ano atípico e, por isso, não podemos compará-lo com outros anos. Porque a pandemia não estava no radar de nenhuma previsão econômica. A partir dos primeiros índices negativos, em março e abril, em Caxias, a nossa expectativa era de que o número de desempregados seria ainda maior por aqui. Nós prevíamos uma queda muito maior do que o saldo negativo de 4 mil vagas — reconhece Lodonha.
O que esperar de 2021?
— O fato positivo, neste ano, é que a chegada da vacina deu certa previsibilidade de que as pessoas começariam a ser imunizadas. No entanto, costumo falar que a economia não é exata. As perspectivas de 2021 vão depender da aceleração da imunização. A tendência é de que, em janeiro e fevereiro, as contratações sejam retomadas, aumentando os postos de trabalho. Mas isso vai depender da política de vacinação e imunização, se será plausível a curto e médio prazo — argumenta Lodonha.