A montadora, eletricista, controladora e treinadora de equipe Maria Salete Ribeiro da Silva, 47 anos, engrossa o número de desligamentos em Caxias do Sul, que fechou no ano de 2016 com saldo de de 7.037. Só em dezembro foram 2.597 postos fechados. O setor que mais demitiu, em 2016, continua sendo a indústria.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Boa parte desse número continua sem trabalho. Salete está desempregada há um ano e três meses, quando deixou a Marcopolo, onde trabalhou durante cinco anos. Desde outubro de 2015 já rodou centenas de quilômetros, entregou mais de 100 currículos em agências de emprego e empresas e o único retorno que obteve foi: "Não há vagas".
Há alguns meses resolveu fazer um curso de design de sobrancelha e manicure e tenta conseguir um "dinheirinho" trabalhando em casa.Mesmo assim, ela não desiste. Continua procurando para poder ter um certa tranquilidade e tentar se aposentar. Ela conta que existe, sim, preconceito por causa da idade.
– Eles (empresários) não levam em conta a experiência que uma pessoa de 47 anos tem.
O que "salva" a sobrevivência da família é que o marido, Luizinho Borges da Cunha, 52, está empregado. Aliás em um setor em que falta mão de obra qualificada: o têxtil.
– Está difícil encontrar profissionais com experiência, por isso, às vezes, sou obrigado a fazer hora extra – conta.O filho, Juliano, 19, também conseguiu trabalho (em dezembro de 2016)depois de um ano procurando. Isso permite que Maria Salete não perca o sono todas as noites.
– Mas vou continuar procurando. Um dia vai aparecer – diz, esperançosa.
Seguro-desemprego
No Sine de Caxias do Sul, a movimentação para encaminhar o seguro-desemprego foi grande em 2016. Segundo o coordenador da agência, Max Mota Rodrigues, o número de encaminhamentos chegou a 26.729. Alto, mas menor que 2015, quando os registros apontam 30.964.
Apesar dos dados indicarem que a economia caxiense ainda não começou a reagir, Rodrigues mostra um certo otimismo para 2017.
– As empresas pararam de sangrar. Agora, aguardamos medidas públicas para que a economia reaja. A torcida é para que Caxias resgate o protagonismo na geração de empregos que tinha antes da crise – analisa.
Até o dia 20 de janeiro deste ano (sexta-feira), foram encaminhados 1.202 seguros-desemprego. E a oferta de vagas começou o ano em baixa. Poucas vagas aparecem no Sine para serem preenchidas.
DADOS
* Mais de 50 mil pessoas passaram pelo Sine Caxias em 2016, em busca de uma vaga ou para encaminhar o seguro-desemprego.
* Em 2016 foram oferecidas 1.472 vagas. Somente 500 foram preenchidas.
* O Sine encaminhou 6.563 trabalhadores para entrevistas. Média de 12 pessoas por vaga.
* Em 2015, Caxias fechou 14.080 postos de trabalho - 7.043 a mais que 2016.
* No Brasil, número negativo passou de 1,3 milhão. No RS, 462.366.
* No Brasil, a taxa de desemprego (até novembro de 2016) foi de 11,8%. No RS, 8,7%.