Eles estão lá durante o ano todo, mas é durante o veraneio que lotam. São pelo menos 15 cafés ao longo da Rota do Sol — de Caxias até Terra de Areia — que servem de parada para os viajantes que buscam especialmente o Litoral Norte e as praias de Santa Catarina nesta época do ano. Todo mundo quer fazer uma paradinha para “abastecer” antes de seguir viagem.
Há 15 anos no km 2 da RS-486, em São Francisco de Paula, o Café Aratinga vê o movimento mais que triplicar durante a temporada, que começa em dezembro e segue até o retorno das aulas, entre fevereiro e março. O estabelecimento chega a receber diariamente 1 mil pessoas. No resto do ano, fica na casa dos 300 por dia.
— O movimento começa mesmo em novembro, com as excursões para o (parque aquático) Acqua Lokos (na Estrada do Mar) e para o Natal Luz, em Gramado — conta Káthia Regina Milani Monteiro, 59, que administra o Café Aratinga ao lado do esposo, Clodomir Boff Monteiro, 62.
Assim como o casal, Patrícia Souza Bento, 47, dona da Casa do Gaúcho, atende a cerca de 1 mil clientes diariamente durante o veraneio. O entra-e-sai de pessoas é tão grande que o número de funcionários sobe de cinco para 12 nestes meses do ano.
— Depois do dia 20 de dezembro, é uma loucura. Às vezes, tem gente que sai sem pagar — lamenta.
O bom movimento garante a sobrevivência, mas não é suficiente, segundo Patrícia. Por isso, o café localizado na RS-486, em Itati, logo no início da descida da Serra, também oferece outros produtos para os visitantes:
— Sobreviver só do verão, da lancheria, é complicado. Precisa agregar outros produtos, como tapetes, artigos coloniais.
Diferenciais
É comum os viajantes elegerem um café preferido para a parada obrigatória. Produtos de qualidade, bom preço e acolhida são sempre itens importantes para a escolha. Na Casa do Gaúcho, além dos produtos típicos e da cuia gigante em frente à lancheria — perfeita para fotos —, tem um anfitrião muito especial, o Tito, mascote da família.
No Café Aratinga, a opção de bufê é um diferencial. Com a comida mantida aquecida pelo fogão à lenha, é possível almoçar às duas da tarde. Detalhe frisado pelos proprietários Clodomir e Khátia é que os alimentos são sempre frescos – as sobras do dia são doadas para famílias carentes.
No inverno, muda a clientela
A redução de clientes no inverno não é necessariamente ruim para os cafés da Rota do Sol. Patrícia Souza Bento, da Casa do Gaúcho, até prefere. É que o perfil do visitante é outro. Geralmente, são pessoas de outras regiões do Estado e do país, dispostas a gastar mais.
— Tem mais turista, e eles compram bastante — comemora Patrícia.
No Café Aratinga o diagnóstico é o mesmo: menos gente, porém mais dinheiro. A clientela muda tanto que há dois anos Khátia e Clodomir resolveram abrir uma pousada, que recebe principalmente os turistas que buscam a Região das Hortênsias. São dois quartos do tipo suíte e dois apartamentos completos.
— Abrimos em função da neblina. O pessoal chegava aqui e ficava com medo de seguir para Gramado — conta Khátia.
Para o ano que vem, a expectativa é de movimento muito bom ao longo de todo o ano por conta dos cinco feriados prolongados — Páscoa, Tiradentes, Dia do Trabalho, Nossa Senhora Aparecida e Finados.
Apesar do retorno positivo, Patrícia colocou a Casa do Gaúcho à venda.
— É para descansar mesmo. Tu trabalha, ganha dinheiro, mas é cansativo — explica.