Em 2016 o consumidor teve dificuldade para encontrar mel no mercado e ainda viu o preço saltar de R$ 10 para R$ 20 o quilo na compra diretamente do produtor. Embora a colheita deste ano tenha sido considerada muito boa em comparação à dos dois últimos anos, quando a produção foi praticamente zerada devido às condições climáticas e à perda de colmeias pela aplicação de agrotóxicos em plantações, o preço do produto deve se manter em alta.
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Conforme o presidente da Associação de Apicultores de Caxias do Sul, David Emenegildo Vicenço, isso deve ocorrer porque não há estoques no mercado e a expectativa é de que o consumo seja imediato. O responsável técnico da entidade, Antônio César Viapiana, concorda que é muito difícil haver redução no valor.
– Como o produto estava em falta e seguimos exportando, mesmo sendo considerada muito boa, essa nova safra não tem uma quantidade significativa para se criar um grande estoque – destaca.
Caxias do Sul tem cerca de 135 apicultores cadastrados na associação e aproximadamente 45 mil colmeias. Apesar de não ser uma produção linear e de não haver estatísticas oficiais da produção na cidade, Viapiana estima que a última safra pode render até 120 toneladas de mel.
– Com a colaboração do clima, este ano a expectativa é de safra cheia e de um produto de excelente qualidade – garante Vicenço.
Para garantir as próximas colheitas, os apicultores estão sendo incentivados a alimentar as abelhas durante o inverno e a investir em tecnologia e também nas colmeias migratórias.
– Enquanto a produção média com colmeias fixas possa render de 35 a 40 quilos por colmeia, com as migratórias é possível colher até 70 quilos. Porém, o trabalho e o investimento são muito maiores – explica o presidente da associação.
Após dois anos de prejuízos, safra de 2017 gera maior retorno
Há mais de 12 anos Volmir Pasqualon, 62 anos, que trabalha no ramo da construção, se dedica à apicultura e mantém a atividade como um passatempo. Ele tem cerca de 150 colmeias distribuídas por Antônio Prado, Flores da Cunha e Caxias do Sul. Nos dois últimos anos, no entanto, a atividade lhe trouxe prejuízos. Ele perdeu 12 colmeias em Vila Cristina, pelo excesso de agrotóxicos em plantações próximas. Com isso, a produção rendeu somente cerca de 200 quilos.
– Não deu nem para sustentar as abelhas com essa quantidade – afirma.
Este ano, quando a expectativa era de safra cheia, Pasqualon esperava colher 2 mil quilos de mel, mas ficou contente com os mil quilos que conseguiu e que comercializa em pequenos mercados e lojas de produtos coloniais da cidade.
– Só foi possível colher metade da safra, mas, ainda assim, foi bem melhor que nos anos anteriores – comemora.