Apesar de ainda representar uma tendência muito atual, a aglomeração do comércio em shoppings não sai ilesa da retração econômica. Nem podia ser diferente, já que o custo para manter uma loja funcionando em grandes centros comerciais é muitas vezes mais alto do que para manter uma loja na rua, e as vendas têm registrado quedas em ambos os cenários. O Pioneiro realizou uma pesquisa em seis shoppings de Caxias do Sul e contabilizou 116 salas comerciais fechadas, no último sábado. Isso representa cerca de 20% dos espaços comerciais disponíveis.
– O número não me surpreende, reflete a dificuldade que a economia está vivendo. O custo para se manter uma loja aberta num shopping é muito alto, muitos mantinham loja em shopping e na rua, mas acabaram optando por ficar só com a loja da rua em função dos custos com condomínio e com o horário estendido de funcionamento nos shoppings – reflete Fernando Gonçalves dos Reis, presidente da Associação das Imobiliárias (Assimob).
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A dificuldade do momento atual vai motivar, por exemplo, uma reunião entre os administradores do Shopping Triches. O encontro deve ocorrer nas próximas semanas para discutir maneiras de evitar a debandada de comerciantes.
– Em 2014, passamos por um momento difícil e acabamos negociando com alguns lojistas e oferecendo a ampliação de algumas lojas. Negociamos o espaço de duas lojas, mas com um preço mais em conta. Agora ainda vamos discutir o que pode ser feito, temos de criar alternativas – prospecta o gerente administrativo do Triches, Alfonso Petry.
O shopping, atualmente com 16 salas fechadas, sofreu recentemente com a saída de uma de suas âncoras. A Conexão Urbana deixou o Triches em março. O espaço, com vitrine de frente para uma das quadras mais movimentadas da Sinimbu, permanece vago.
– Uma loja com uma localização dessas não ficaria disponível em outro momentos – diz Petry.
Com disponibilidade para 177 lojas – entre âncoras, semi-âncoras, satélites e restaurantes – o Martcenter Shopping conta com mais de 60 salas fechadas atualmente. Para a lojista Cristina Ranzon, que mantém uma loja por lá há cerca de cinco anos, a diminuição das vendas é a causa mais provável do fechamento de lojas.
– Aqui sempre teve espaços fechados, mas acho que a situação se agravou com a queda do público que trabalhava nas indústrias das redondezas do shopping, que costumava comprar. Muita gente perdeu o emprego e não vem mais – conta lojista.
Lojistas mantém o otimismoNo San Pelegrino Shopping, a vacância atual representa cerca de 10% do total de salas, percentual que estaria dentro da normalidade de acordo com a superintendente Carla Tomaz. Ela aponta que a chegada de um âncora como o Zaffari – anunciada ainda antes do forte da crise – ajudou a manter a confiança dos lojistas que já estavam com operações em funcionamento. Mesmo assim, muitos ainda esperam o mercado se estabilizar para iniciar novos negócios.
– Acho que estamos começando um momento de melhoria, temos negociações em andamento – afirma Carla.A lojista Leonisi Stocher Silva, que mantém uma malharia no Serra Shopping Caxias desde 2004, também está otimista com a economia. Em abril, ela esteve prestes a fechar a loja e teve de demitir quatro pessoas na fábrica da Stocher Malhas. Para além da retração econômica, o empreendimento sofria com a falta de frio, problema que se resolveu posteriormente.
– Nossa crise é a temperatura. Quando começou a esfriar, vendemos tudo que tínhamos. O inverno acabou sendo ótimo – diz.
– O pior já passou, estamos percebendo pequenos sinais de uma retomada lenta para os próximos meses – complementa Reis, da Assimob.