Entre os temas que mais despertam a curiosidade das pessoas de todas as idades, o universo e suas estrelas, buracos negros, galáxias e planetas ganha destaque. Cercado de mistérios e possibilidades a serem estudadas, muitos se afastam da área pela complexidade dos temas. Para aproximar o público adolescente e adulto desse universo em constante expansão, a pesquisadora caxiense Thaisa Storchi Bergmann autografa seu novo livro My News Explica Buracos Negros, neste sábado (24), na Livraria e Café Do Arco da Velha, às 10h.
— Eu conto, no livro, como surgem os buracos negros, como eles se comportam, como a gente observa e o quê eles têm a ver com a gente — resume a cientista.
Thaisa é uma das cientistas brasileiras mais citadas internacionalmente na área de astrofísica pelo seu trabalho no estudo dos Buracos Negros Supermassivos. Tendo, inclusive, descoberto um deles devorando uma estrela no centro de uma galáxia durante seus estudos. Nascida em Caxias do Sul, estudou nos colégios Sacré-Cœur, Madre Imilda e Cristóvão de Mendoza, antes de iniciar a graduação em Arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Depois, percebeu que queria viver e trabalhar como cientista e, por isso, transferiu-se para a Física, construiu carreira como pesquisadora.
Ela é membro da Academia Brasileira de Ciências ABC e da Academia Mundial de Ciências TWAS. Pesquisadora 1A do CNPq. Em 2015, recebeu o Prêmio Internacional L’Oreal/UNESCO For Women in Science, conferido a somente seis mulheres, por ano, no mundo. Em 2018, recebeu a Medalha Nacional do Mérito Científico, tendo também outros prêmios no seu currículo, como Pesquisador Gaúcho, Troféu Guri e a Medalha do Imigrante.
Os buracos negros, objeto de estudo de Thaisa, são definidos como uma região do espaço, ou espaço-tempo, na relatividade geral, onde a gravidade é tão forte que nada escapa depois de cair dentro dele, nem mesmo a luz.
Confira a seguir a entrevista com a pesquisadora:
Almanaque: Qual é o público-alvo do seu livro?
Thaisa Storchi Bergmann: É um livro de divulgação científica. Depois de ganhar, em 2015, o prêmio Internacional L’Oreal/UNESCO For Women in Science, fiquei pensando que muita gente se aproximou de mim, querendo saber das coisas. Eu quero passar um pouco de uma forma que as pessoas entendam e que gostem. Porque muita gente não quer ir para a área científica por medo. Eu conto, de uma maneira coloquial, sobre os buracos negros e vou colocando eles na história do universo. Eu tenho uma linha que sigo, que sempre remeto para o começo do universo. É uma história que envolve histórias de buracos negros se formando no universo e também um pouquinho da minha história científica. Eu diria que o livro não é para cientistas, é para qualquer pessoa que tenha interesse no tema, de entendê-lo um pouquinho melhor.
Como você saiu da Arquitetura e foi parar nessa linha de pesquisa dos buracos negros?
Quando eu entrei na Arquitetura, eu tinha aula no Instituto de Física. Então eu passava por gente trabalhando nos laboratórios, fazendo experimentos, na computação. Eu pensei: "acho que eu quero ser cientista", porque era o que eu gostava de fazer no colégio. Eu fazia ciência, digamos. Eu me transferi e comecei a fazer Física. Coincidiu de que o Instituto de Física estava criando um Departamento de Astronomia.
Como era o acesso às informações sobre Astronomia quando você começou a trabalhar nessa área?
Quando eu comecei a gente tinha um observatório em Porto Alegre, no Morro Santana. Comecei observando ali. A gente tinha que ficar ao relento observando. Fiz alguns trabalhos ali, na década de 1980. Depois, teve o observatório de Brasopolis, em Minas Gerais, onde a gente começou o doutorado lá. Mais para frente, fiz o pós-doutorado na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Então, comecei a trabalhar em colaboração com uma pesquisadora do Instituto do Telescópio Espacial, nos Estados Unidos. Isso foi entre 1990 e 1991, quando foi lançado o telescópio espacial Hubble. A gente tinha que fazer pedido de observação, mas tinha acesso a todos os telescópios que eram maiores do que os do Brasil. Eu usei muito um telescópio de 4 metros. Então, eu tive acesso a esses instrumentos e fiz uma descoberta legal. Depois que a gente analisou e interpretou que era uma estrela sendo capturada por um buraco negro. Eu descobri quase sem querer, numa galáxia que a gente estava observando por outro motivo. Comecei a ficar cada vez mais envolvida nesse assunto e é meu assunto até hoje.
Em meio a esse universo sempre em expansão, quais tem sido os temas que mais chamam a sua atenção?
Buracos negros são objetos muito curiosos. As pessoas ficam curiosas. Outra área que eu acho legal é dos exoplanetas, que agora estamos descobrindo um monte de planetas fora do sistema solar. É uma área também que está crescendo muito e que muita gente se interessa. Todo mundo quer saber o que acontece dentro do buraco negro, se cair, se ele chegar muito perto... No meu livro, no capítulo 8, chamado Buracos negros e nós, falo o que eles implicam na nossa existência. Tem aquela ideia de uma ponte no universo, que é o Buraco de Minhoca, que se pode ir de um lugar do universo para outro, bem distante. A gente poderia pensar que é uma coisa tão exótica e não tem nada a ver com a gente. Eles têm um papel bem importante aqui, porque nós surgimos, aqui no planeta Terra, que se formou do resto de uma estrela, que é o nosso Sol, e se formou nossa Via Láctea. A gente está a uma certa distância, mas lá no centro da Via Láctea tem um buraco negro.
Agende-se
- O quê: sessão de autógrafos do livro My News Explica Buracos Negros, da cientista caxiense Thaisa Storchi Bergmann.
- Quando: neste sábado (24), às 10h.
- Onde: Livraria e Café Do Arco da Velha (Rua Dr. Montaury, 1.570 - Caxias do Sul)
- Quanto: entrada gratuita. Os livros estarão à venda no local, a R$ 49.