Há pelo menos 30 anos, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Thaisa Storchi Bergmann, 59 anos, se dedica a estudar o céu, em busca de elementos que a maioria das pessoas só ouve falar nos filmes de ficção: os buracos negros do universo. Sua consistente trajetória no meio acadêmico a fez ser eleita, este ano, uma das cinco vencedoras do Prêmio L'Oréal-Unesco Para Mulheres Ciência - a sexta brasileira em 17 anos.
O interesse da gaúcha de Caxias do Sul pela ciência não é de família. O pai era da área da contabilidade e a mãe, professora primária. Mas, na escola, achava as aulas de física, química e biologia tão fascinantes a ponto de pedir aos pais para ter um laboratório no sótão de casa. Assim, as prateleiras do quarto da menina, à época com 11 anos, tinham mais tubos de ensaio que bonecas.
- O ponto alto da minha infância foi quando ganhei um microscópio. Nas horas vagas, gostava de analisar as asinhas das moscas, ver qual era a composição dos pequenos objetos, essas coisas - relembra a astrofísica.
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Mas brincar de cientista era algo como um hobby de criança. Tanto que Thaisa chegou a cursar arquitetura, mas foi fisgada pelas disciplinas de física do primeiro semestre. E, então, mudou de curso. Poucos meses depois, foi selecionada para uma bolsa de estudos na área da astronomia, de onde nunca mais saiu - apesar de ser um ambiente em que 72% dos pesquisadores registrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) são homens.
Thaisa, não foram poucas as vezes, teve de se desdobrar entre carreira e família. Confessa: foram períodos difíceis e conflituosos de ausência. Abriu mão de participar do início da alfabetização dos filhos para aceitar uma bolsa de pós-doutorado na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
- Contei com a compreensão do meu marido e com a ajuda da minha mãe para ajudar com as crianças. Me sinto muito grata por este prêmio, porque é uma certificação de que minhas escolhas valeram a pena - diz.
Reconhecimento
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