Chega às telas de cinema nesta semana a adaptação contemporânea da obra Grande Sertão: Veredas, escrita por João Guimarães Rosa, publicada pela primeira vez em 1956. O filme Grande Sertão é dirigido por Guel Arraes (de O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro), que assina o roteiro em parceria com o gaúcho Jorge Furtado.
Grande Sertão estreia nesta quinta-feira (6), em Caxias do Sul, na Sala de Cinema Ulysses Geremia (às 19h30min) e no GNC Cinemas (às 17h20min e 19h45min).
Nessa adaptação cinematográfica, o sertão vira um complexo de favelas. A disputa entre jagunços e justiceiros é atualizada para uma guerra entre bandidos e a polícia. Se a cobiça narrada no livro é o ouro. A de agora, se revela em um outro tipo de ouro que toma a todos de assalto: a cocaína. Em comum, a mesma pergunta: o que diferencia um mártir de um herói?
Nesse filme brasileiro com cara de Mad Max, que se passa em um futuro distópico, o diretor lança luz sobre uma guerra sem precedentes, que pode ser real fora das telas, em alguns anos. Através desse pano de fundo, o espectador é conduzido pela trama por Riobaldo, que, assim como no livro, é narrador e personagem. No filme, o ator Caio Blat interpreta o menino do interior que vira professor. Um cara que acha que é dever da polícia acabar com os bandidos.
Nesse percurso, Riobaldo encontra Diadorim, cujo pai é Joca Ramiro, o chefão do grupo de jagunços e, nessa versão fílmica, de bandidos. Quem não leu o livro, deve ver por si, como se desvela a relação entre Riobaldo e Diadorim, personagem interpretada por Luísa Arraes, atual companheira de Caio Blat (na vida real) e filha do cineasta Guel Arraes, diretor do filme. Uma pista sobre a relação entre eles: numa certa altura fica claro que Riobaldo não consegue viver sem Diadorim.
Ao final e ao cabo, seja dentro ou fora do livro, ou da sala de cinema, Guimarães Rosa nos deixa lições arretadas como essa:
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.