Em algum lugar entre a cinebiografia e o documentário, Saudosa Maloca, longa dirigido por Pedro Serrano que estreia nesta quarta em Caxias, presta tributo à vida e à obra do sambista Adoniran Barbosa, interpretado por Paulo Miklos. O filme tem sua pré-estreia nesta quarta-feira na Sala de Cinema Ulysses Geremia (Centro de Cultura Ordovás), e terá sessões de quinta a domingo até o próximo dia 24.
Além da música-título, o filme traz diversos clássicos do mais paulista dos sambistas, como "Trem das Onze", "Samba do Arnesto", "No Morro da Casa Verde", "Tiro ao Álvaro" e "Iracema". Ora as canções são tocadas como num musical, ora são apresentadas quase em forma de esquete humorística, como na divertida cena em que Adoniran e seus inseparáveis amigos Joca (Gustavo Machado) e Mato Grosso (Gero Camilo) vão até o novo bar do Arnesto para fazer um samba, mas o Arnesto não estava e nem deixou recado na porta, como é contado na famosa letra de 1964.
Outro ponto alto de Saudosa Maloca, além da trilha sonora, por óbvio, é o vocabulário peculiar, quase um dialeto próprio falado por Adoniran, distante da norma culta, mas cheio de estilo. Quando o garçom se apresenta ao sambista como Cícero, na hora Adoniran rebate: Ciço. O garçom repete seu nome, mas para Adoniran é Ciço e pronto.
Ambientada no histórico bairro do Bixiga, a narrativa traz a vida simples vivida por personagens humildes, mas sonhadores, em especial aqueles que viam em tudo um motivo para se reunir numa roda de samba na maloca querida e saudosa. Há espaço também para o romantismo, às vezes barato, dos amigos Joca e Matogrosso apaixonados pela mesma mulher, Iracema. O roteiro é costurado pelas conversas entre Adoniran e o garçom do bar onde o sambista "batia ponto" para tomar seu uísque e fumar, de preferência um cigarro filado de alguém. E quando o protagonista relembra as histórias do passado que somos transportados para o Bixiga dos anos 1950 e 1960, cenário para os sambas imortais de Adoniran Barbosa.
PROGRAME-SE
O quê: Saudosa Maloca, de Pedro Serrano
Quando: estreia hoje, às 19h30min. De 21 a 24 de março, às 17h, e do dia 28 a 31 de março, às 15h
Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias do Sul
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada). Valor promocional de R$ 10 para o público em geral nas quintas-feiras
INDICADO AO OSCAR CHEGANDO
Representando a Itália na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano, "Eu, Capitão" não levou a estatueta. Porém, ter chegado entre os "finalistas" atesta a qualidade do trabalho do diretor e co-roteirista Matteo Garrone, talvez chegando próximo ao seu longa de maior sucesso, Gomorra (2008), sobre a máfia italiana. Em "Eu, Capitão", que estreia quinta-feira na Sala Ulysses Geremia, Garrone traz o drama da imigração, contando a história de dois rapazes senegaleses tentando chegar ao litoral da Itália. Em sua jornada que passa pelo Mar Mediterrâneo e pelo deserto do Saara, Seydou e Moussa irão testar os limites da resistência humana diante de situações que são, antes de tudo, desumanas. Policiais corruptos, milícias violentas e grupos escravistas são alguns dos inimigos que irão surgir pelo caminho.
O longa fica em cartaz até 31 de março, com sessões de quinta a domingo, sempre às 19h30min. R$ 20 e R$ 10.