Durante os meses de novembro e dezembro os Papais Noéis se multiplicam pelas cidades, principalmente nas lojas e centros de compras. Para as mães e os pais, o bom velhinho é a lembrança viva, em carne e osso, de que eles vão precisar abrir a mão para comprar presentes aos seus filhos. Para a gurizada, no entanto, o Papai Noel é a esperança de que seus desejos serão atendidos.
Esse senhor carismático, que veste uma roupa vermelha típica do inverno, como se soubesse que na Serra gaúcha a viração de clima é iminente, faz sucesso e traz à cena o espírito natalino seja na área central, nos bairros ou no interior de Caxias do Sul.
Nas festas comunitárias, a figura do voluntário que topa encarar esse desafio é ainda mais presente. Como é o caso dos Papais Noéis de Forqueta, Gilmar Colombo, José Bertuol, Antônio Amaral, Elias Silva e Elieser Hoppe, que garantem a felicidade dos moradores do bairro e do Papai Noel Bráulio Boaventura Reis, que circula pelo centro de a bordo de um buggy.
Voluntários garantem o espírito natalino
Em Forqueta, bairro de Caxias do Sul, a comunidade tradicionalmente organiza a festa de Natal, com encenação e missa. Mas, desde 2020, quando iniciou o período de distanciamento social em função da pandemia de covid-19, a Associação de Moradores do Bairro (Amob) passou a promover uma caravana. Cinco Papais Noéis percorrem o bairro e regiões próximas, como os loteamentos Vila Esperança, Vila Nova, Desvio do Pedágio e a Aldeia Indígena para ativar o clima natalino.
— Junto com todo o pessoal da comunidade, lidero um grupo que faz as decorações de Natal na praça, a encenação e a distribuição de dois mil kits de doces. O trabalho começa ainda em setembro e todo mundo é voluntário. O senhor Colombo, além de Papai Noel, revisa as lâmpadas que a gente recolheu da praça, no ano anterior, para ver se precisamos comprar novas ou se conseguimos reutilizá-las, porque na praça usamos para decorar 6 mil lâmpadas — conta Sandra Bonetto, presidente da Amob Forqueta.
Papai Noel há cinco anos na comunidade, Antônio Amaral diz que a comunidade toda aguarda a chegada do bom velhinho.
— É uma satisfação, principalmente, o pessoal mais idoso. A gente pensa nas crianças, mas os idosos se emocionam e gostam muito. Essa semana, inclusive, uma idosa me perguntou se nós iríamos passar pela casa dela — conta Amaral.
Outro Papai Noel de Forqueta, o Gilmar Colombo se sente orgulhoso em participar da caranava, também há cinco anos, porque acredita que é um condutor de alegria às pessoas.
— Ver o brilho nos olhos das crianças é impagável. Eu comecei a ser Papai Noel porque me convidaram, eu gostei da ideia e vou participar até quando eu puder — revela Colombo.
Papai Noel que faz aniversário no dia 24
Se Amaral e Colombo se dizem satisfeitos em participar da celebração em Forqueta, o que dirá José Bertuol, que encarna o bom velhinho na comunidade há 20 anos.
— A gente percebe que o abraço da gurizada fica mais forte a cada ano. A gente pergunta sobre o colégio, se estão se comportando, como são em casa... É muito importante até para a família. É muito gratificante, ainda mais porque dia 24 é também meu aniversário, é um momento muito alegre — diz Bertuol.
Os voluntários percorrem o bairro em cinco camionetes, com a ajuda de mais dois ajudantes, também trajados com roupas natalinas, entregando kits com balas, pirulitos, refrigerantes e guloseimas.
— Nossa expectativa é de continuar fazendo esse Natal até que a comunidade se engaje e queira participar — diz a presidente da Amob, Sandra Bonetto.
Jornada de superação a bordo de um buggy
Desde 2013, o casal Nelva Vizioli e Bráulio Boaventura Reis, distribui doces para as crianças em Caxias do Sul. Contudo, a partir deste ano, o bom velinho do buggy decorado com luzes tem encarado um novo desafio. Reis foi diagnosticado com uma doença renal. Enquanto espera pelo transplante de órgão, precisa encarar suscessivas sessões de hemodiálise.
— Embora esteja sendo um ano difícil para o Papai Noel, em que ele está fazendo hemodiálise por conta de uma doença renal, ainda assim, ele continua fazendo esse trabalho, porque me disse que, se não fizesse isso, não seria Natal! — orgulha-se a esposa, Nelva.
E por que sair pela cidade a bordo de um buggy? Nelva conta que o buggy era um sonho antigo do casal. Aí, em 2012, um amigo de Reis disse que tinha um veículo desses à venda, mas sem motor.
— Meu marido fez algumas prestações para pagarmos e compramos o buggy. Quando conseguimos colocar um motor, um dia ele me disse: "Vou arrumar o buggy bem bonito, enfeitar e fazer um trabalho de Papai Noel" — recorda a esposa.
O responsável pela decoração do carro é um sobrinho deles, que faz isso desde 2013.
— Quando o buggy está bem lindo compramos balas e pirulitos e arrecadamos brinquedos para distribuir pras crianças e deixar o Natal delas mais feliz — explicam.
O casal já tem programada a próxima noite em que o buggy do Papai Noel rodará o centro para entregar presentes para as crianças: domingo (24), das 15h30min às 23h30min.
Os dois contam com a ajuda de familiares, amigos e de quem tem vontade de ajudar a reunir as doações de doces para garantir a alegria da criançada.
— Sozinhos, isso não seria possível. Então, começamos a falar com nossos amigos e conhecidos para que nos ajudassem. E lá se vão 10 anos de ajuda mútua, que nos traz muita gratidão e alegria. São muitos envolvidos e só temos a agradecer a cada um deles! — orgulham-se.