Dia desses, aqui mesmo em GZH, publicamos a história da venezuelana Valentina Barreto, funcionária de um supermercado de Caxias do Sul, que atende no caixa, e foi descoberta por um profissional da moda, conhecido como scouter. A história de hoje é a da caxiense Luisa Mariani. Criança, ela acompanhava a mãe, Silvia Mara Spindler Mariani, que ainda hoje vende pipocas em festas e eventos. Ainda menina, Luisa alimentava o sonho de ser modelo.
Curiosamente, uma pessoa une os enredos, de certa forma mágicos, de Valentina e Luisa. É o scouter caxiene Edson Ferreira. Foi ele quem percebeu as qualidades e características nelas duas que podem vir a favorecê-las em suas trajetórias no mundo da moda. Podem vir a favorecê-las, na condicional, porque Ferreira diz que não há uma fórmula de sucesso nesse mercado.
Por exemplo, em 1994 a Gisele Bündchen participou do concurso The Look of the Year e ficou em segundo lugar.
— Alguém se lembra quem foi a primeira? — brinca Ferreira. — Por isso que eu digo, não existe uma fórmula. Para que elas tenham uma carreira, principalmente, fora do Brasil, vai depender de como elas vão se desenvolver como profissionais — complementa.
Ferreira conheceu Luisa e a irmã gêmea, Sophia, ainda quando elas eram crianças, por causa da mãe delas, com quem o scouter já convivia. Na época, as duas queriam ser modelo, mas, naturalmente, não tinham a disciplina que a profissão exige.
— Hoje em dia, só pode viajar e trabalhar como modelo na Europa aos 16 anos, e nos Estados Unidos, com 18 anos. Não tem mais nas passarelas modelos com 12, 13, 14 anos, como era uma vez — explica Ferreira.
O abre-alas da carreira de Luisa também veio a partir do The Look of the Year, realizado no ano passado em São Paulo.
— Eu fiquei em quarto lugar e a partir daí a agência JOY me disse que eu ia passar um tempo em São Paulo, para me aperfeiçoar — conta Luisa, que completa 19 anos na segunda-feira (3).
Perfil de passarela
A primeira experiência imersiva profissional da Luisa, ocorreu no início deste ano. Ela passou cerca de seis meses em São Paulo, após a participação no concurso The Look of the Year. Nesse período, ela teve a oportunidade de vivenciar o dia a dia de uma modelo, que nem sempre tem uma agenda fechada com horários definidos para as sessões de fotos ou desfiles.
— Tudo é muito dinâmico. Quando as meninas acordam é que ficam sabendo como vai ser o dia delas e elas têm de estar prontas e disponíveis. A JOY é uma agência que eu conheço e muito séria. Por exemplo, as meninas ficam numa casa... — diz Ferreira.
— É tipo uma mansão — complementa Luisa.
— Sim, uma mansão, mas nenhum homem entra lá. É proibido — conta Ferreira.
— Dessa parte eu gostei! — sentencia a mãe.
— É que elas precisam estar focadas no trabalho, estudando e treinando, porque as oportunidades vão aparecer. O perfil da Luisa é o que o mercado internacional busca. Ela é alta, tem mais de 1,80, é magra e negra. O perfil dela é fashion, pra passarela — justifica Ferreira.
Aquietando o coração
Enquanto Luisa posava para o fotógrafo do jornal Pioneiro Bruno Todeschini, a mãe dela revelava que está com o “coração na mão” ao ver a filha, a cada nova etapa de sua carreira, viajar para ainda mais longe de casa.
— Ainda bem que a gente pode se falar pelo celular, por chamada de vídeo. Eu sei que é importante para ela, que essas viagens fazem parte da carreira de modelo. Mas eu fico com o coração na mão.
Silvia diz que é muito apegada aos filhos. Além das gêmeas Luisa e Sophia, é mãe de Daniel, o primogênito, e Jéssica, a caçula.
— Sabe que a Luisa estava em São Paulo, trabalhando, mas veio para casa porque não estava bem de saúde. Daí o pessoal da agência liberou ela para vir passar uns dias em casa antes de ir para a Europa. Para mim foi emocional, sabe? Ela também vai ter de se acostumar a ficar longe da gente — reconhece Silvia.
Na volta da sessão de fotos pelo Parque dos Macaquinhos, Luisa confidenciou:
— Sou muito apegada à minha mãe, foi difícil esse período fora de casa, morando em São Paulo. Vim para cá ficar uns dias com a minha família. Eu também queria passar o meu aniversário (dia 3 de julho) com os meus amigos. Porque indo para a Europa disseram que eu devo ficar, pelo menos, até o final desse ano por lá.
— Esse tempo em São Paulo já serviu para a Luisa e para a mãe dela se acostumarem com a distância. Daqui para frente, se tudo der certo, esse tempo fora de casa deve ser ainda maior — diz Ferreira.
— Vai dar tudo certo — acredita Silvia, mãe de Luisa.