A catarinense Vera Fischer, Miss Brasil de 1969, atriz de carreira consolidada na televisão, cinema e teatro, reconhecida por público e crítica, segue carregando o título de diva. Esse título é, inclusive, endossado pelo diretor teatral Tadeu Aguiar, que comanda o espetáculo Quando eu for mãe quero amar desse jeito, em cartaz neste domingo (16), às 18h, no Teatro Murialdo, em Caxias do Sul.
Essa peça traz de volta à cidade a diva Vera, talvez em um momento menos voraz do que na última vez em que esteve em Caxias, em 2004. Na época, a atriz foi flagrada usando biquíni, tomando banho de sol na piscina do hotel Intercity, ao lado do ex-marido e ator Perry Salles (fotos abaixo). E no espetáculo que estava encenando A Primeira Noite de Um Homem, entre uma e outra cena tórrida, a atriz ficava nua no palco. Um aviso aos desavisados: na peça deste domingo (16), não há cenas de nu.
Para a maioria do público, Vera, além de musa, diva e deusa, é lembrada pelas personagens Jocasta, de Mandala (1987), Cidinha de Perigosas Peruas (1992), Helena de Laços de Família (2000) ou ainda Antônia em Agora É que São Elas (2003). Na entrevista a seguir, ela despista quando o assunto é a Vera diva, apesar de dizer que “o título diva é lindo”, também fala de sua saída da Rede Globo, que ocorreu durante a pandemia, um período em que ressignificou a forma como enxerga a vida.
— Eu entrei nos 70 anos na pandemia e acho que a gente não tem mais que fazer o que os outros querem que a gente faça. A gente tem de fazer o que a gente quer fazer. Temos de respeitar as nossas vontades, as nossas limitações. A gente tem de se surpreender com a gente mesmo. Isso foi muito significativo pra mim. Foi muito rico, entendeu?
A seguir, galeria de fotos com Vera Fischer quando ela esteve em Caxias, em 2004:
Abaixo, entrevista com Vera Fischer, concedida por telefone, na última sexta-feira:
Vera, a Diva
— Cara, eu não acho isso, não. As pessoas falam tanta coisa, falam “ela é uma deusa”, “ela é um ícone”, “ela é uma diva”. Eu acho assim... Sou uma pessoa muito bem sucedida na minha careira, na minha vida, nas coisas que eu me propus a fazer. Eu também sou uma pessoa que trata bem as pessoas, sou generosa, sou simpática, adoro os meus fãs, falo com as pessoas. Essa junção de coisas fez com que as pessoas gostassem de mim e me dessem um título de alguma coisa. Eu fico muito lisonjeada. Acho muito chique.
Saída da Rede Globo
— Eu entrei na Globo com 26 anos e agora estou com 71. Eu não podia fazer nenhuma outra coisa que a Globo não permitisse, entendeu? É natural pra todos os atores contratados da Globo. Fiquei 45 anos assim e nos últimos anos eu já não estava achando mais interessante os personagens que me ofereciam. Não sei se é uma questão de idade, mas as mulheres mais velhas não têm personagens importantes, pelo menos na televisão. E isso já está acontecendo há alguns anos. Mas a gente sempre consegue fazer um trabalho belíssimo no teatro e no cinema, e consegue também fazer na televisão. Mas tem de lutar muito, porque eles estão colocando cada vez gente mais jovem pra substituir os mais velhos.
Greta Garbo, a intocável
— Uma pessoa que se joga com força e coragem no seu trabalho não é uma diva. Porque diva, aparentemente, é uma coisa distante, é uma Greta Garbo (ícone do cinema). Uma pessoa de quem não se pode chegar perto, abraçar ou dar um beijinho. Diva pra mim, é uma pessoa distante, sabe? Intocável. Eu não sou assim. Eu falo com todo mundo. Mas eu acho bacana o título diva, é lindo.
Lições da pandemia
— Vou ser honesta. Foi muito difícil na pandemia. Todos nós perdemos os nossos empregos e tivemos de ficar em casa. Não falo só do ator, de outras profissões também. Mas o ator, particularmente, não teve chances de subir no palco. Então, eu inventei algumas coisas no streaming. Eu lia peças de teatro aos domingos, com um amigo meu, o Michel Blois. Era de graça, mas, assim, pra gente não perder o vínculo com a nossa profissão. E li muitos livros, vi muitos filmes. E foi bom também poder ficar em casa, não ter a obrigação de se arrumar e sair, porque é uma coisa que as pessoas esperam de você.
Sobre a amiga caxiense
— Eu lembro muito de Caxias do Sul. Eu era muito amiga da Ana Cristina Rodrigues, Miss Rio Grande do Sul que ficou em terceiro lugar no Miss Brasil, no meu ano, em 1969. Agora, sei que Caxias é uma cidade muito grande, muito importante, e que o público aqui do Sul, de uma forma geral, ama teatro, e estou com uma expectativa muito grande e muito boa de ir pra Caxias.
Sobre a peça
— É um espetáculo muito divertido e forte, não é uma comédia bobinha, muito pelo contrário. É uma comédia ácida, que fala muitas verdades, entra por um caminho um pouco pelo surrealismo. Os três personagens muito bons, inclusive, as pessoas se veem nesses personagens ou veem a família nesses personagens. A sogra, a nora, o filho... Acho que são situações que as pessoas encontram na casa delas. E, fora isso, temos uma surpresa muito grande no final da peça. A gente não pode falar, e não quer falar (risos), porque queremos que elas se surpreendam e que gargalhem muito, porque é um espetáculo de dar gargalhada.
Programe-se
- O quê: Apresentação do espetáculo "Quando eu for Mãe Quero Amar Desse Jeito", dirigido por Tadeu Aguiar. Com Vera Fischer, Rafael Sardão e Marta Paret.
- Quando: Domingo (16), às 18h.
- Onde: Teatro Murialdo (Rua Flores da Cunha, 1.740 - Caxias do Sul).
- Quanto: Ingressos entre R$ 50 e R$ 150, à venda pela plataforma Sympla. Bilheteria no local, apenas no domingo (16), a partir das 13h30min. Sócios do Clube do Assinante têm desconto de 50%.
- Classificação indicativa: 12 anos.