A pedido do Almanaque, o pesquisador e historiador da trajetória de Nova Trento/Flores da Cunha, Floriano Molon, detalhou a importância do campanário. Confira:
“Os sinos comprados na França em 1901 aguardaram por quase 50 anos um lugar digno e definitivo. As torres recriavam, em solo brasileiro, o bairrismo italiano que se manifestava no “campanilismo” (de campanil), pois as comunidades, mesmo pequenas, queriam campanários altos. Isto demonstrava, acima de tudo, orgulho e união. Poderia-se até dizer que a velha Nova Trento amargara ao longo do tempo uma série de dissabores: o desvio da Ponte do Passo do Zeferino, a demora na emancipação, o caso da "mágica do galo", a troca do nome, a não vinda do trem, a não passagem da BR...
Parece então que o entusiasmo se manifestou numa iniciativa liderada pelo Frei Eugênio Brugalli: "É preciso construir um novo campanário!". E brotou o espírito comunitário: "que seja o mais alto da região todo em pedra". Se foi pela torre de 1949 ou não, a década de 1950, em seguida, foi a mais destacada no renascimento de Flores da Cunha.
Nasci no interior, na capela de São Marcos de Otávio Rocha, e os freis Capuchinhos davam atendimento religioso no local. Fora isso, nas festas e celebrações, era tempo de ir de caminhão participar na sede da Paróquia. Nasceu assim um clima de cordialidade entre os freis e os colonos. Meus pais homenagearam o Frei Floriano, dando o seu nome quando nasci. O que tenho em comum com o Campanário é a mesma idade: nascemos em 1949. São 74 anos de convivência.
Eu como "bebê Floriano", me contavam, recebia muita atenção dos freis, e mesmo com tenra idade, me recordo. Com a circulação por outras cidades, era motivo de orgulho divulgar a nossa torre e os sinos que ali habitavam. Sempre antes dos desfiles da Fenavindima, fazia-se uma homenagem à nossa torre. Seus sons abriam e encerravam as paradas pelas ruas centrais. Lá está a ser admirado agora, mais belo e colorido nos seus 55 metros de altura. Parabéns! Longa vida ao nosso símbolo!”