Inaugurado em outubro de 1949, o Campanário da Igreja Matriz de Flores da Cunha é mais do que um imponente símbolo da religiosidade local. Seus 55 metros de altura também denotam a força do envolvimento comunitário para viabilizar sua construção, através de doações e da força de trabalho dos moradores que ajudaram a erguer mais de 11 mil pedras, ao longo de três anos. Mais de 70 anos depois, é novamente a união de forças, desta vez entre entes públicos, que irá permitir o restauro do patrimônio histórico, a fim de torná-lo ainda mais bonito, acessível e seguro.
– Esse lugar conta a história de um povo que batalhou muito para poder construí-lo. Muitas famílias se envolveram na construção, sendo que algumas pessoas chegaram a perder membros do corpo em acidentes que ocorriam com as pedras. É um orgulho ver todo esse movimento que está permitindo a sua restauração, pois trata-se do grande símbolo religioso para o povo de Flores, que se guia pelo toque dos sinos para saber quando haverá as celebrações – comenta o pároco Frei André Audibert.
Hoje é o dia que marca o início das obras de restauro, com solenidade em que está prevista a presença da secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo. O projeto tem como proponente a Associação de Amigos do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi, e é financiado pelo programa Pró-Cultura RS, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com apoio da prefeitura de Flores da Cunha e da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes.
Além de melhorias na estrutura interna, como a correção de lesões do sistema construtivo em pedra, instalação de novos equipamentos para sistemas elétricos e de iluminação, automação do relógio e do toque dos sinos e nova acessibilidade, o entorno também será modificado, com o objetivo de fazer uma área de convivência para os visitantes de todas as idades. O térreo irá ganhar uma exposição permanente, com fotos e memorabilia da época da construção:
– Nós temos relatos de famílias que ainda mantêm guardadas ferramentas usadas na construção, e queremos fazer uma busca para tentar o empréstimo de alguns desses artefatos e trazê-los para a exposição – destaca a subsecretária municipal de Cultura, Nata Francisconi.
Devido à impossibilidade de tornar todo o campanário acessível, principalmente pela forma como foi construído, sem vigas, a acessibilidade ficará restrita ao térreo. Os visitantes, porém, poderão subir pelas escadas de madeira que levam até a torre, de onde se pode ter uma bonita vista panorâmica da cidade. E, entre os andares, pode-se observar o mecanismo que faz funcionar o relógio e os cinco sinos de diferentes tamanhos, sendo que cada um tem um nome que homenageia uma autoridade religiosa do início do século passado, época em que foram construídos, na França: Pierina, Cláudia, Dom Finotti, Antonieta e Imaculata.
O restauro deve durar seis meses, com inauguração prevista para novembro. A ocasião também deverá marcar o lançamento do livro A História de um Gigante, que irá contar a história do Campanário através de fotos, documentos e relatos.