Revigorante e afetuosa. Estes foram alguns dos adjetivos utilizados no palco da Praça Dante Alighieri para definir a 37ª Feira do Livro de Caxias do Sul, que se encerrou ontem à noite, após 17 dias de programação. A estimativa da Secretaria da Cultura e da Associação de Livreiros caxienses estimam que cerca de 30 mil livros tenham sido comercializados, ao longo do evento que atraiu 120 mil visitantes. Trata-se de um acréscimo nas vendas de 100% em relação a 2020, ano em que ao evento foi fortemente prejudicado pela pandemia. Além do público presencial, outras 20 mil pessoas participaram das atividades online, como palestras, bate-papos e programas como o Passaporte da Leitura e o Escritor na Comunidade.
Ao discursar para o público que acompanhava a cerimônia de encerramento, a patrona da Feira, a escritora e professora Alessandra Rech, classificou como inesquecível a experiência:
- A Feira foi um sucesso. Ela chegou e pôde trazer a alegria de volta à praça. A cidade se transfigurou durante estes 17 dias, parecendo uma espécie de lugar utópico, que nos permitiu sonhar num mundo diferente. O próprio tema da Feira "ler para (se) mover", é sobre nos fazer caminhar em direção a um mundo melhor e a outras possibilidades de existir. Diante de tantas incertezas que tínhamos ao longo do ano, posso dizer que a Feira foi uma grande aposta de pessoas que acreditavam na importância da leitura, de investir na subjetividade, nas nossas relações de sentido com o mundo e nos tijolinhos que nos constroem de dentro para fora, que são os livros. Isso tudo me emocionou muito e me fez eternamente agradecida.
A secretária de Cultura, Aline Zilli, destacou o envolvimento de dezenas de pessoas para fazer a Feira acontecer, e convidou toda a equipe para subir ao palco e receber o reconhecimento em forma de aplausos.
_ São muitas as mãos que fazem o evento acontecer e dar certo, desde a equipe de logística, de comunicação, Guarda Municipal, nosso Departamento do Livro e da Leitura, chegando aos livreiros. O sucesso da Feira é resultado do esforço de cada um.
Entre os livreiros, a sensação era de satisfação e de expectativas atendidas, e até mesmo superadas. Há 37 anos no mercado, Paulo Roberto Fogaça, da livraria Fogaça, diz ter retomado o otimismo após os anos mais difíceis que já enfrentou no ramo, considerando 2020 e 2021.
_ Foram anos em que a gente trabalhou com muitas restrições, e o resultado da Feira nos deixa muito felizes. A população mostrou que entende a importância do livro e teve uma participação incrível, visitando e comprando. O fato de termos realizado nesse período que pegou o pagamento do 13º salário ajudou demais. Outra coisa que me deixa muito contente é ver o quanto os adolescentes estão lendo. Às vezes a gente oferece pra eles um lançamento de alguns meses atrás e eles já leram, querem algo ainda mais recente. E também tivemos a sorte do clima ter colaborado, com muitos dias de sol e pouca chuva.
O público que aproveitou o último dia do evento literário também pôde curtir apresentações musicais, com os gaiteiros e violeiros da série Causos & Gaitas, comandada por Rafael de Boni, e que teve como convidado especial o trovador Jorge Boca de Sino, contando causos e demonstrando um pouco da arte da trova, inclusive numa interação com o rapper Chiquinho Divilas. Também se falou sobre a tradição dos ternos de reis nas comunidades do interior, com algumas músicas sendo tocadas. O encerramento da Feira, por volta das 19h, ficou por conta do quinteto de metais da Orquestra Municipal de Sopros.