Te aprochega, de mala e cuia... você certamente já ouviu alguém falar, mas sabe qual o significado dessas expressões gaudérias? A partir desta segunda (9) até o dia 20, diariamente, o site do Pioneiro publica cards com alguns ditados da nossa região em comemoração à Semana Farroupilha. Alguns terão, também a história e/ou a origem das frases faladas por aqui.
As imagens também serão compartilhadas no Instagram do Pioneiro (@jornalpioneiro). A produção é de Manuela Balzan, Juliana Rech e Andressa Paulino. A ilustração é de Luan Zuchi.
Ir de mudança. A cuia de chimarrão dá essa ideia de ficar. Segundo dito popular, a partir da década de 80, com a ida de repórteres gaúchos para jornais e emissoras de TVs do centro do país, que passaram a usar esse termo em suas matérias. A expressão deixou de ser exclusividade do Rio Grande do Sul.
Interjeição de aprovação ou desaprovação muito utilizada – a gauchada não fica três minutos sem falar, capaz que não?! Portanto, se não tem o que falar, solte um “capaz”.
Segundo historiadores, os federalistas de Gaspar Silveira Martins queriam o fim da ditadura de Júlio de Castilhos. Em Rio Negro perto de Bagé, os maragatos passaram a faca nos castilhistas. O certo é que ambos os lados generalizou-se a prática da “degola”, forma de execução rápida e barata, uma vez que não requeria emprego de arma de fogo. Daí se originou a nossa bela expressão “não se gasta pólvora com chimango” (partidários de Castilhos).
Olhar de revesgueio é olhar atravessado, meio de lado, de canto de olho.
De acordo com o dicionário informal, é uma saudação gaúcha derivada da palavra "che", sinônimo tupi-guarani que significa "amigo". Mas esta palavra tão usada pelos gaúchos incorporou-se tanto no português do RS como no espanhol fronteirilos ao Brasil por influência também do Guarani do Paraguai.
O Tri é usado como sinônimo de muito. Segundo o dicionário Porto-Alegrense de Luis Fischer, a origem da gíria está ligada a década de 70, quando o Brasil conquistou o Tri campeonato do mundo de futebol e no Tri campeonato brasileiro conquistado pelo Inter na mesma década.
De acordo com o registrado nos dicionários, gateada pode referir-se à cor dos olhos amarelo-esverdeados, semelhantes aos de um gato; pode também ser a cor do pelo de cavalo ou égua, uma pelagem de cor amarelo-avermelhada, portanto não bem definida. No tocante aos olhos, significa que são vivazes, inquietos. Emprega-se, no sentido figurado, para representar situação complicada, em que alguém se encontra em extrema dificuldade ou em disputa muito acirrada. Na linguagem popular, a pessoa está numa enroscada. Se a cor da pelagem ou dos olhos do animal não estava bem definida, ficou ainda mais obscura e incerta, ou seja, preteou. Imagine, por exemplo, uma corrida em cancha reta, em que a disputa entra no espaço de decisão; uma emboscada armada por rival; qualquer outra circunstância de risco, em que o animal deve dar tudo de si para superar os limites. Na verdade, quem corre o risco é o cavaleiro e a sorte dele depende da agilidade do equino.
O termo pila vem do nome do político gaúcho Raul Pilla, secretário da agricultura do RS em 1936. A versão mais provável se dá pelo fato de que o termo venha do bônus de contribuição para o Partido Libertador, na década de trinta, com cédulas assinadas por Raul Pilla. Ocorre que estas cédulas terminavam por circular como uma espécie de dinheiro informal na praça e convencionou-se chama-la de “pila”. Segunda Irmão Elvo Clemente*, uma outra versão mais folclórica é a de que, em determinada eleição este candidato distribuía metade da nota de dinheiro para os eleitores que estavam prestes a votar, na promessa de entregar a outra metade se fosse eleito. Os cabos eleitorais entregavam a metade da nota dizendo o nome do canditato “Pilla”… e este termo para dinheiro chamado de “Pila” foi rapidamente assimilado pelos populares, espalhando-se como sinônimo de “dinheiro”, inclusive em (SC) e depois pelo resto do Brasil, já que muitos gaúchos com o passar do tempo migraram para outros estados do país.
* Irmão Elvo Clemente poeta, escritor, presidente da Academia Rio Grandense de Letras de 2004 a 2006
Significa que tu não está com mais nada, não quero mais te ouvir. Essa expressão surgiu após a música dos irmãos Cleiton e Kledir, lançada em 1980. A gíria ficou ainda mais forte após o filme “ Deu pra ti” nos anos setenta, dos cineastas gaúchos Nélson Nadotti e Giba Assis Brasil.