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História

Exposição na Aliança Francesa, em Caxias, revisita protestos de maio de 1968

Mostra traz fotografias de Philippe Gras sobre mobilização ocorrida em Paris

Maristela Scheuer Deves

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Philippe Gras / Aliança Francesa,Divulgação
Há meio século, estudantes foram às ruas na capital francesa pedindo reformas, e acabaram por marcar a história

É maio. Manifestantes tomam as ruas, pedindo mudanças. Não se trata, porém, da greve dos caminhoneiros que parou o Brasil desde a última segunda-feira, mas dos estudantes que tomaram as ruas Paris em maio de 1968, pedindo reformas no setor educacional. O fato, que teve repercussões no mundo todo e que está completando meio século, será relembrado com a exposição fotográfica Au Coeur de Mai 68, que abre nesta segunda-feira na Aliança Francesa de Caxias do Sul.

—  Protestos são parte da existência humana, eles ocorrem em todos os momentos da história, e isso vale para os (protestos dos) caminhoneiros, que estão acontecendo agora, vale para 2013 e vale para maio de 1968, para as lutas de Esparta na Roma antiga e para os demiurgos na Grécia — contextualiza o doutor em História Marcelo Caon, que ministrará a palestra Os Ecos de Maio de 68, durante a abertura da mostra.

A exposição é composta por 43 fotografias do francês Philippe Gras, que retratam o desenrolar dos protestos estudantis de 50 anos atrás. As imagens foram descobertas apenas em 2007, após a morte do fotógrafo. Além da qualidade artística das fotos, elas são um registro dos acontecimentos que, segundo Caon, marcaram o fim da modernidade e o momento da descentração do sujeito.

— Foi o momento de colocar um ponto de interrogação nas grandes metanarrativas que explicavam, ou tentavam explicar, o funcionamento da sociedade humana desde o iluminismo — diz. — Não são apenas estudantes que estão nas ruas jogando pedras na polícia ou fazendo barricadas, são intelectuais que estão pensando e questionando fortemente, nas academias e fora dela, o establishment.

Ele acrescenta que as manifestações de maio de 1968 não se restringiram à França, e tiveram características próprias em cada país. Nos Estados Unidos, por exemplo, se manifesta no surgimento de movimentos como o Panteras Negras e a contestação à Guerra do Vietnã, além da questão da contracultura. No Brasil, que vivia sob uma ditadura militar e forte censura, a busca era por uma sociedade mais igualitária.

E se os fatos ocorridos há 50 anos marcaram a história, o que dizer do momento atual no Brasil? Para o historiador, os protestos são legítimos porque trazem um movimento que está buscando algo, porém seria ingenuidade esperar que o simples fato de os caminhoneiros irem às ruas leve a uma mudança social profunda.

— Eu não consigo ver nenhuma mudança profunda na história sem uma grande parcela da sociedade junta.

Philippe Gras / Aliança Francesa,Divulgação
"Protestos acontecem em todos os momentos da história", diz Marcelo Caon, doutor em História

Agende-se

:: O quê: abertura da exposição fotográfica Au Coeur de Mai 68 e palestra Os Ecos de Maio de 68.

:: Quando: nesta segunda-feira, às 18h30min. Visitação até 28 de junho, de segunda a quinta, das 9h30min às 11h30min e das 13h30min às 18h30min.

:: Onde: no auditório da Aliança Francesa (Rua Coronel Flores, 749, sala 202), em Caxias.

:: Quanto: na palestra de abertura, doação de 1kg de alimento não perecível (vagas limitadas, confirmar presença pelo telefone 3221-5212). Nos outros dias, entrada franca.

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