O nome da chalaça: o carioca Pedro Strasser é, provavelmente, a figura mais onipresente do MDBF. Isso porque em um momento ele pode estar tocando sax, num outro momento pode estar tocando bateria e, em vários outros momentos pode estar dividindo um papo regado a cerveja com novos e velhos amigos. Tudo quase ao mesmo tempo.
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Baterista da icônica banda Blues Etílicos, o músico só perdeu a primeira edição do festival. Em todas as demais, ficou conhecido como o primeiro a chegar e o último a sair (não perca sua palhinhas nas jams madrugueiras do Mississippi Delta Blues Bar).
– É uma data que se espera o ano todo, é tipo Natal (risos) – brinca.
Habitué dos mais tradicionais, Pedrão (como é conhecido) tem na ponta da língua a justificativa para ninguém faltar à festa:
– Todos podem esperar o som da melhor qualidade, o blues em todas frentes, o mesmo estilo em muitas facetas.
Dono do palco: o músico caxiense Rafa Gubert define a origem de seu amor pelo blues com duas memórias principais: um show da banda Blues Makers (que o despertou para o gênero), e as constantes parcerias com o amigo Toyo Bagoso no extinto Revival Rock Bar, sempre o escutando falar sobre o sonho de abrir um bar dedicado ao estilo em Caxias. O Mississippi Bar virou realidade em 2006, transformando-se na segunda casa de Rafa. Um ano depois disso, veio um passo ainda mais ousado: um festival.
– Foi o bar que fez com que eu e a Tita (Sachet) tocássemos na noite. O festival é a maximização disso tudo. Eu que frequentava uns botecos para assistir a Blues Makers agora ver um festival desse porte é quase inimaginável – elogia.
Gubert só perdeu a primeira edição do MDBF, nas outras esteve sempre presente trabalhando ou tocando. Sua participação se tornou mais marcante quando assumiu a função de mestre de cerimônias do palco principal. É ele que apresenta os maiores shows da festa e acaba entretendo a galera na espera das atrações.
– Acho que foi a partir da 4ª edição que assumi isso. Na verdade eu não tenho muito essa coisa de organizar, não tenho a manha do planejamento, eu mais atrapalhava do que ajudava (risos), mas fico feliz que tenham me arrumado esse trabalho – diz.
Apresentar os shows deixa Rafa bem pertinho das estrelas do MDBF, mas essa não é uma vantagem só dele, já que boa parte dos artistas interage com o público no intervalo das apresentações. E é justamente esse contato que Rafa elege como uma das mais especiais características do MDBF:
– Tem esse intercâmbio cultural de pessoas de tantas nacionalidades, todas unidas pelo blues como estilo de vida. Esses americanos que o festival traz, como o Bob Stroger, por exemplo, só de chegar pertinho desse senhor já te vale como receber uma bênção, é uma experiência que vai muito além da música – diz.
Presente em todos: talvez ele não seja o único a carregar este mérito, mas guitarrista paranaense Decio Caetano fica sempre orgulhoso em dizer que não perdeu nenhuma das edições do MDBF até hoje. Para ele, o festival representa muito mais do que um simples compromisso de trabalho, é uma celebração à amizade, à união e à música.
– É um bálsamo para quem gosta de blues. Tem uma coisa muito singular, que é a integração. O público pode conhecer grandes artistas que fizeram história, é a família blues. Todos os anos, esse é o momento mais significativo para os artista do blues sul-americanos, o Toyo conseguiu unir todo mundo – festeja ele.
Este ano, Decio tem pelo menos seis shows marcados no festival, mas sempre pode pintar mais alguma participação. Suas aparições no MDBF sempre renderam parcerias especiais, mas, para Decio, a maior grandeza da festa está no efeito que causa no público.
– Depois que o festival se firmou, toda a América Latina foi tocada pelo som. As pessoas passaram a entender o que é blues – observa.
Lord do MDBF: o baixista Bob Stroger pisou em Caxias do Sul pela primeira vez em 2010. Natural do Missouri (EUA), ele ficou impressionado com o que encontrou por aqui: uma pequena cidade do Brasil onde "as pessoas amam o blues". A presença dele na festa foi tão aclamada que acabou se tornando uma exigência, tanto dos organizadores quanto dos frequentadores. Campeão das selfies com a galera – culpa de sua elegância e simpatia – Stroger volta ao MDBF pela sexta vez cheio de boas energias para compartilhar.
– É um festival realmente bacana, estou muito honrado de ser convidado. As pessoas são maravilhosas, o staff é maravilhoso, e sou muito agradecido de ter a chance de voltar sempre – enfatiza ele.
Aos 77 anos, Bob Stroger representa um pedacinho itinerante da história do blues de raiz. E ele fica tão à vontade caminhando pela Estação Férrea quanto mostrando seu talento em cima dos palcos do festival (o Front Porch Stage é seu preferido). Dono do posto de xodó do festival, o músico espera esta época para rever amigos e conhecer muita gente nova:
– Esse é um festival que reúne muitos músicos, muito amor e muito blues. Eu os encorajo a virem nos três dias e fazerem festa com a gente.