A história começa oficialmente em 1978, mas as origens remetem a muito antes, mesclando tradição familiar, paixão pela música e talento de sobra. Falamos do Musical Abertura, grupo que celebra 44 anos de atividades agora em novembro. Como a trajetória é longa e recheada de detalhes, iremos por partes, destacando hoje a saga do pioneiro trompetista Abílio Guerra (1926-2005), pai de Gilberto e Edgar Guerra, fundadores do conjunto.
Morador da localidade de São Miguel, interior de Farroupilha, o adolescente Abílio passava seus dias “na enxada” – considerada por muitos o seu primeiro “metal”. Era o início da década de 1940, e o jovem filho de agricultores se apaixonou por outro metal, mais sofisticado: o “pistão” (trompete). Abílio passou, então, a ter aulas com o professor Andrea Pezzi, responsável por ensinar música a todos os jovens da comunidade. Dali para as apresentações foi um pulo.
Aos 18 anos, Abílio já fazia parte de pequenos conjuntos de baile, como o Jazz Loirinha, juntamente com os irmãos Arciso (no clarinete) e Florentino (no trombone); o professor Andrea (no acordeon) e seu filho Carlo (na percussão). Na sequência, veio o Jazz Estrela, com a participação do irmão Ermindo na bateria.
A FAMÍLIA
Em 28 de abril de 1945, Abílio casa-se com a jovem Fiorina Orsolina Pola, nascendo dessa união quatro filhos: Paulino, Antônio Fernando, Edgar e Gilberto (in memoriam). Pouco depois, o casal decide migrar para Caxias do Sul. Abílio adota outro metal, o “martelo”, e passa a atuar como carpinteiro durante o dia. A paixão pelo “pistão”, porém, só aumenta.
Abílio começa a fazer parte da Banda União, levando os irmãos Florentino (saxofone), Arciso (sax) e Alcides (trombone) para compor o grupo.Em seguida, passa a integrar a Orquestra Chaves de Ouro, com os três irmãos mais o cunhado Aquilino (no bongo).
Sua trajetória segue como "band leader" da “Abílio e Sua Orquestra”, influenciada pelo sucesso das “incendiárias” big bands americanas da década de 1950. Tanto que, para muitos frequentadores de clubes, o ponto alto da trajetória dos “Irmãos Guerra” foram os inesquecíveis bailes de Carnaval do Recreio da Juventude e do Recreio Guarany nos anos 1950 e 1960, vide as fotos abaixo.
Não demorou muito, e Abílio Guerra passou a acompanhar os filhos, jovens que também foram, desde cedo, influenciados pela música. Mas essa é uma história que você confere na próxima coluna.