Às vésperas da abertura da Festa da Uva 2022 e em meio às lembranças dos 50 anos do desfile de carros alegóricos que inaugurou as transmissões em cores na TV brasileira, recordamos de outro feito inovador e marcante de 1972. Foi o ano em que “nasceu”, de forma itinerante junto à festa, uma das mais tradicionais casas de lanches de Caxias do Sul: o Baitakão.
Toda essa história começou quando um promotor de festas e eventos itinerantes de Porto Alegre trouxe o primeiro trailer de cachorro-quente para Caxias - e também a receita do popular lanche, novidades por aqui na época. Conhecido por “Bicudo”, o empreendedor tornou-se amigo de três jovens residentes em Caxias: Ivo Posser, Enio Milani e Milton Scola.
Quando a festa de 1972 terminou, Bicudo ofereceu ao trio a ideia e o ponto do trailer - na Rua Os Dezoito do Forte, junto às escadarias do Parque dos Macaquinhos -, garantindo que o negócio era rentável e teria futuro. Os três financiaram a compra pelo Banco Finasa em 36 parcelas, sem entrada, e tornaram-se gestores do negócio.
— O Bicudo nos prometeu outro trailer mais moderno. A evolução era pia com água para lavar as mãos — recorda Posser.
A expansão
O negócio “rentável e de futuro” se concretizou, prosperando e chegando a cinco pontos pela cidade - além do trailer da Dezoito, havia lanchonetes na Av. Júlio, em São Pelegrino, na Rua Visconde de Pelotas, na Av. Rossetti e na Sinimbu, em Lourdes.
Já em 1978, Milani e Scola saíram da sociedade e João Antonio Leidens entrou como sócio. Nessa mudança, Posser e Leidens ficaram com a marca Baitakão e a tradicional unidade da Rua Sinimbu, inaugurada em 1978 e onde o restaurante funciona até hoje - as demais acabaram sendo vendidas.
Sobre o endereço da Sinimbu, Agnicayana Posser, filha de seu Ivo Posser e gerente-geral do Baitakão, destaca uma curiosidade daqueles primeiros tempos, quando ainda era criança:
— Meu pai conta que foi uma preocupação quando a Sinimbu virou mão única, todo mundo achou que o movimento iria cair. Ele dizia: “E agora, como vai ficar? Estamos no fim da cidade e ninguém mais vai passar por aqui…”
Outro detalhe “inacreditável” foi lembrado por seu João Antonio Leidens em uma entrevista ao Pioneiro, em 2018: “De 1978 a 1984, trabalhamos aqui sem telefone. Hoje, nos perguntamos: “mas como era possível?”.
Nas imagens desta página, um pouco dessa história, que dialoga com a memória afetiva e gastronômica de gerações e gerações de caxienses, além de milhares de turistas. Na foto acima, os pioneiros empreendedores junto ao primeiro trailer, em 1972. Na sequência, a inauguração da sede na Rua Sinimbu, em Lourdes, em 1978.
Por fim, um anúncio veiculado no Pioneiro de 15 de fevereiro de 1986, destacando os 14 anos da casa e o lanche de número “2 milhões”.
A “novidade”
Há 50 anos, a chegada do cachorro-quente do Baitakão foi uma novidade. A receita era americana: pão, salsicha, catchup, mostarda e maionese - sendo que catchup, mostarda e salsicha também foram inovações introduzidas na edição da festa de 1972, a última realizada no pavilhão da Rua Alfredo Chaves (atual prefeitura).
Cinco décadas e várias Festas da Uva depois, o Baitakão consolidou-se no setor e na preferência do consumidor, com uma marca imediatamente lembrada quando se fala em hamburguerias.
A saber: em 1996, o Baitakão foi o primeiro restaurante da cidade a informatizar o atendimento e os pedidos. Além dos tradicionais lanches, serve uma variedade a la carte, incluindo baurus, filés, saladas e sobremesas. Ao meio-dia, também dispõe de buffet.
Festa dos 50 anos
Nesta segunda à noite (14), o Baitakão estará de portas fechadas neste dia da semana pela primeira vez. O motivo é mais do que especial: reunir os 57 funcionários dos dois turnos para celebrar os 50 anos. O restaurante costuma fechar uma única noite por ano, em 31 de dezembro.