O desfile da Festa da Uva de 1972 ficou eternizado por marcar a pioneira transmissão a cores da TV brasileira. Mas outras novidades assinalaram o primeiro corso alegórico da década de 1970. A principal delas foi a redução no número de veículos na Sinimbu em relação à edição de 1969: de 60 para 42.
Conforme abordado pela arquiteta e pesquisadora Roberta Tiburri no livro Cenários em Movimento – Memórias do Corso Alegórico da Festa da Uva, o tema manteve-se semelhante ao das festas da década de 1960: mostrar a diversificada produção de Caxias do Sul, em todas as áreas.
Entrou aí a mão do mestre Isaac Menegotto, responsável não apenas pela concepção de alguns carros como também pela organização geral do corso. Segundo Roberta, as formas sinuosas e irregulares deram o tom das composições. Grandes esculturas, detalhes ricamente elaborados, uso de materiais nobres, flores e arabescos compunham os veículos. "A uva natural não aparecia mais nas alegorias. Estava presente, sim, mas na forma de réplicas e esculturas", detalha Roberta no livro.
Já no quesito figurino, os trajes típicos da colonização italiana não predominavam tanto. Moças e rapazes desfilando a moda da época, além da figura do gaúcho e do índio começaram a dar as caras na Sinimbu – como mostram as imagens abaixo, destacando as confecções Kalil Sehbe e o Projeto Rondon. As fotos integram um conjunto de slides doados ao Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami pelo leitor Ricardo Boff, filho do fotógrafo Hildo Boff (1931-2014).
Na imagem que abre a matéria, o carro do Recreio da Juventude, concebido por Carlos Mambrini: uma carruagem de ferro puxada por borboletas suspensas em hastes, trazendo a rainha de 1971/72, Lucila Valsechi.
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Adornos
Nas fotos acima e abaixo, o luxuoso carro da Metalúrgica Abramo Eberle, concebido por Isaac Menegotto e sua equipe. O artista valeu-se de uma enorme taça adornada com uvas. Junto a ela, a Miss Rio Grande do Sul, Maria Alice Rezende. O veículo destacava ainda a escultura de uma coroa de louros, uma cascata de flores e, na base em jacarandá, uma colher de prata, simbolizando a produção da empresa.
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As equipes
O corso alegórico teve como vice-presidente o empresário Doviglio Gianella. Já os carros foram criados pelas equipes de Isaac Menegotto, Nair Hoffmann, Carlos Mambrini, Sally Cardoso Luz e Darwin Gazzana, para muitos o papa dos figurinos e carros alegóricos de toda a história da Festa da Uva.