Caçula entre os antigos cinemas de rua de Caxias do Sul, o Cine Vêneto até hoje desperta lembranças e saudades entres seus antigos frequentadores – especialmente os do bairro Lourdes. Inaugurada em 24 de novembro de 1977, com o clássico 007 - O Espião que me Amava, a sala teve sua exibição derradeira em 26 de fevereiro de 1997 – porém, de forma bem diferente da badalada inauguração de 20 anos antes.
Reportagem do Pioneiro do dia 28 daquele mês destacava o encerramento das atividades no título: “A agonia do Vêneto chega ao fim”.
Então programador da Distribuidora de Filmes Wermar, Antonio Sousa justificava, à época, que a sala recebia de 50 a 60 pessoas por semana – às vezes bem menos –, e os rendimentos de bilheteria não cobriam sequer o aluguel do espaço. “O dinheiro arrecadado com uma sessão não paga nem a conta de luz. Nosso prejuízo com o Vêneto era superior a R$ 2 mil por mês”, revelou Sousa ao Pioneiro.
A última sessão exibiu o filme de aventura A Sombra e a Escuridão para apenas oito pessoas. A capacidade total da sala era de 400 lugares.
Cults e pornôs
Localizado na Av. Júlio de Castilhos, na divisa entre o Centro e Lourdes, o Cine Vêneto foi fundado pelo empresário Firmino Pelini, na época também proprietário do prédio onde funcionava a sala. Passados alguns anos, Pelini alugou o espaço e transferiu-o para a Distribuidora de Filmes Wermar, a mesma do extinto Cine Prataviera.
Após o breve período áureo, com filmes alternativos e ciclos – entre 1979 e 1988 –, a direção começou a exibir produções mais comerciais e títulos pornôs. Nessa época, os letreiros permaneciam vazios, e os cartazes eróticos eram afixados em cavaletes na recepção. A estratégia, porém, não evitou uma tendência que atingiria praticamente todos os cinemas de rua do país a partir dos anos 1990: migração das salas para os shoppings, baixa procura do público, prejuízo e consequente fechamento.
Quando o Vêneto fechou, em 1997, Caxias já estava órfã do Real, do Guarany, do Central e do Imperial. O Ópera havia sucumbido três anos antes, em 1994.
Leia mais
20 anos depois, Cine Ópera continua na memória
O Cine Central e as esculturas de Estácio Zambelli
Cine Central: uma reforma a caminho
Cine Central: um clássico de Caxias de cara nova
Cine Apollo, Cine Ópera e dois incêndios
Cine Teatro Guarany na década de 1930
Primórdios do Cine Teatro Guarany
Desmaios na sala do Cine Guarany em 1975
O ocaso do Cine Vêneto