De autoria do arquiteto e urbanista Roberto Filippini, a publicação O Outro Lado da Júlio – Histórias e Memórias de uma Avenida traz um detalhado estudo sobre a principal via de Caxias do Sul. Entre tantas abordagens, destacam-se as histórias de alguns dos mais emblemáticos prédios do entorno da Praça Dante – dentre os quais, o edifício do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, na esquina com a Marquês do Herval.
Obra do engenheiro, construtor e professor Dario Granja Sant’Anna, a edificação foi inaugurada em 8 de março de 1952 – e vários de seus detalhes históricos constam na publicação de Filippini, lançada na Feira do Livro de 2020:
“O primeiro programa dos espaços internos incluía, além da sede da instituição financeira, a residência do gerente e do contador nos últimos andares. No subsolo, houve a construção de um super cofre de segurança, que, mais tarde, foi desativado. Na década seguinte, o prédio foi ampliado na parte de trás, junto à Júlio, e ainda hoje permanece como a sede do Banrisul. O projeto definitivo foi apresentado em 1948 e considerado como sendo do estilo protomoderno – cujas principais características eram a robustez, a simetria e o acesso principal centralizado.”
Conforme Filippini, a base original do prédio possuía o acesso principal no meio da parede que dava para a Marquês do Herval (foto ao centro, no alto). Mais tarde, ele foi deslocado para a esquina, articulando-se com os acessos similares dos prédios vizinhos, o Clube Juvenil e a Farmácia Central.
“As amplas e envidraçadas janelas da base foram modificações posteriores, para responder à linguagem dos tempos, ou seja, com salas de escritórios bem iluminados. O revestimento da base seguiu a linha do “novo”, conforme alguns exemplares do centro urbano, utilizando a textura vítrea, no caso o granito preto. As paredes dos pavimentos superiores são marcadas pela disposição paralela das barras verticais, que, distribuídas uniformemente, encaixam as janelas retangulares. Tal composição de linhas esbeltas e verticalizadas representava-se com um recurso visual utilizado pelo art-déco, o qual fazia o prédio parecer maior do que é na realidade”.
Evolução
Nas imagens desta página, três momentos do prédio, desde a construção, no início da década de 1950, até as modificações surgidas nos anos 1960. Acima, a esquina do banco em dois momentos, ambos captados a partir do chafariz da então Praça Ruy Barbosa.
Na primeira, o antigo prédio de dois andares, nivelado com o Cine Guarany, em meados dos anos 1940. Por fim, o majestoso edifício recém-construído, quando era o mais alto do trecho da Marquês entre a Sinimbu e a Júlio.