Não há veranista “das antigas” de Torres que não tenha em seu acervo um registro com a famosa logomarca Foto Feltes na borda. Responsável por centenas de imagens glamourosas da praia, seus pontos turísticos e seus frequentadores nos anos 1950 e 1960, Ídio Feltes, o nome por trás do estúdio, também eternizou um dos episódios mais emblemáticos do Litoral Norte de seis décadas atrás: o naufrágio do cargueiro Avahy, em 15 de março de 1960.
Assim como os famosos postais do navio partido ao meio junto à Ilha dos Lobos, distante 1,8 km da faixa de areia, a história é pra lá de curiosa. Em especial a parte referente à carga de latas de pêssego em calda e azeite e os fardos de lã, cujo destino seria o Porto de Santos, em São Paulo.
Como a empresa Transmar abandonou o navio, o “estoque” aos poucos abasteceu os visitantes da Ilha dos Lobos, visto que naquela época era permitida a navegação e o desembarque por lá. Além dos produtos, muitos curiosos também levavam pedaços da embarcação como lembrança.
Conforme recordam antigos veranistas, as latas de pêssego em calda e de azeite, além de pedaços dos fardos de lã, também podiam ser facilmente encontrados na orla da Praia Grande, nas areias da Praia da Cal e na encosta do Morro do Farol.
Atire a primeira “lata” quem não pegou alguma...
Visível até os anos 1990
Nas imagens em preto e branco desta página, dois registros da Foto Feltes para os pedaços do navio encalhado, no início dos anos 1960. Por fim, um postal colorido de meados dos anos 1970, quando curiosos costumavam ir de barquinho a remo visitar a Ilha dos Lobos e ver de perto o pouco que ainda restava da embarcação.
A saber: os destroços do Avahy, que faria o percurso Rio Grande/Santos (SP), ficaram visíveis por cerca de 25 anos, até desaparecerem por completo da paisagem de Torres em meados dos anos 1990.
Hoje, são história repousando no fundo do mar...
A Foto Feltes
O estúdio de Ídio Feltes localizava-se na Rua Júlio de Castilhos, 539, mesmo endereço onde o fotógrafo também comercializava diversos outros produtos – de ferragens a equipamentos de caça e pesca, bastante procurados nas temporadas. Naqueles tempos, o “retratista” contava ainda com o auxílio da esposa, Idegarte, e dos quatro filhos.