A riqueza literária das obras do médico Eduardo Festugato contém a essência de suas próprias experiências de vida. O caxiense não pode ser considerado um escritor sedentário, que viveu preso numa sala isolada ou exilado em suas fantasias inspiradoras.
Eduardo Festugato conviveu intensamente em memoráveis aventuras. Parte de suas inspirações literárias foram absorvidas no período em que residiu em Torres. Nesta cidade, conheceu a jovem Iara de Quadros, com quem casou-se em 1967. O casamento na pictórica Igreja de São Domingos foi celebrado pelo padre caxiense Mário Pedrotti. Em lua de mel, Festugato rumou com seu Aero-Willys para o Espírito Santo, num passeio arriscado pelo litoral brasileiro, mas com final feliz.
O livro O Barulho do Machado, composto por 110 crônicas, registra as percepções de Festugato, com profundas reflexões sobre a natureza.
Entre os variados assuntos, destaca-se a Ilha dos Lobos, referência turística de Torres. Festugato revelou que conheceu o local em 1950, levado pelo seu pai.
Passados 16 anos, já formado em Medicina, Festugato tomou coragem e saiu a nado da Praia da Cal, numa manhã. Aproveitando a corrente marinha, o aventureiro chegou ao destino com certa facilidade. No retorno, nadou até as proximidades do Rio Mampituba. O percurso de quatro mil metros findou ao final daquela tarde. A sensação de fome cobrou o esforço físico. Na cozinha do Hotel Sartori, Festugato encontrou uma urgente refeição restauradora.
Na imagem principal, percebe-se a pedregosa Ilha do Lobos, com o casco do navio Avahy encalhado, na década de 1960.
Curiosidades do navio Avaí
O encalhe do navio Avahy, em 15 de março de 1960, ficou em definitivo na história de Torres. Embora haja diversas versões, Festugato descreveu com autoridade de quem conviveu com familiares e moradores de Torres. Segundo sua crônica, no choque contra as pedras, a embarcação perdeu sua carga de latas de pêssego em calda, azeite de oliva e fardos de lã.
Numa ocasião, Festugato comprou um equipamento de mergulho de Oswaldo Kroeff. Os aparelhos americanos, da marca Aqua Lung e Water Lung possibilitaram uma descida para verificar destroços submersos da embarcação que se deteriorava com tempo. O escritor salientou que Claudio Daitx, dono de um barco a remo, fez o transporte até a ilha.
Na imagem abaixo, percebe-se parte do navio, que pertenceu a empresa Transmar e faria o roteiro de Rio Grande a Santos.
O médico Festugato em 1965
O caxiense Eduardo Festugato formou-se em Medicina pela UFRGS. De imediato, mudou-se para Torres, onde trabalhou no Hospital Nossa Senhora de Navegantes, no período de 1965 a 1972. Os desafio de atender numa comunidade com limitações da evolução da medicina, bem como de compreender os aspectos de um povoado que transformava-se no verão num paraíso recreativo e charmoso, forneceu elementos para vários artigos.
O carinho com Torres é resultado do vínculo com sua profissão, aliado ao casamento com uma torrense e a graça de ali ter nascido a filha Morgana. Esta relação motivou Festugato a escrever o livro Torres de Antigamente, confirmando seu comprometimento social de amor e gratidão pela praia gaúcha.