Os 85 de fundação da Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias (S.E.R. Caxias), celebrados na última sexta, dia 10, trazem à tona as lembranças da antiga Baixada Rubra e, logicamente, do Estádio Centenário, inaugurado em 12 de setembro de 1976. Todo o trabalho, porém, começou três anos antes, como vistas à inauguração em 1975, ano de Festa da Uva e do centenário da imigração italiana na região - o que acabou não se concretizando.
O lançamento do projeto ocorreu em 19 de setembro de 1973, reunindo dezenas de convidados, dirigentes, empresários e imprensa esportiva. Titular da antiga coluna Pelotaço, o jornalista Guiomar Chies, 78 anos, assinou a reportagem publicada pelo então semanário Pioneiro na edição de 22 de setembro daquele ano.
"Quarta-feira à noite foi uma noite diferente. Diferente porque o espírito dos caxienses, de arrojo, de progresso e de grandeza, manifestou-se mais uma vez de maneira total. O lançamento do Estádio Centenário, da Associação Caxias do Sul de Futebol, registrou um tento. E todos os que lá estiveram puderam observar a alegria contagiante dos dirigentes alvinegros. "
Conforme o texto de Guiomar Chies, durante o coquetel, o mestre de cerimônias, José Domingos Susin, explanou o que seria a noite para a vida caxiense e para o esporte da região, lembrando aos convidados “o que se pode fazer com integração e não com divisão”. A maquete foi apresentada pelo empresário Cláudio Eberle, então presidente da Associação Caxias do Sul de Futebol. Já Rubens Hoffmeister, presidente da Federação Gaúcha de Futebol, parabenizou a iniciativa, afirmando que a decisão dos caxienses fortaleceria o futebol do interior do Estado.
Fotos e parte das informações desta coluna foram publicadas originalmente em 19 de maio de 2017 pelo repórter fotográfico Roni Rigon
O início da obras
O projeto do estádio foi de autoria dos arquitetos Paulo Bertussi, Antônio Filippini, João Alberto Marchioro e Rubens Arthur Baldisserotto, que à época também respondiam pelos novos Pavilhões da Festa Nacional da Uva, inaugurados em fevereiro de 1975.
A primeira fase da construção dos pilares das arquibancadas começou em abril de 1974, período em que o futebol caxiense vivia a experiência da fusão entre o Grêmio Esportivo Flamengo e o Esporte Clube Juventude – a Associação Caxias, presidida por Claudio Eberle, almejava concentrar esforços e fortalecer um equipe no cenário nacional.
O propósito, porém, não prosperou. Correntes de pensamento diverso preferiam preservar as origens de cada clube. O Esporte Clube Juventude optou pela reforma e inauguração do novo Estádio Alfredo Jaconi, em 1975, enquanto a Baixada Rubra (na foto acima, em 1958) iniciaria os investimentos para melhor acolher os torcedores e imprensa.
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Pelotaço
Em sua coluna Pelotaço, Guiomar Chies elencou algumas observações sobre a noite de 19 de setembro de 1973 e o lançamento do novo estádio:
:: A arrancada foi ótima. Continuando o mesmo entusiasmo, teremos em pouco tempo o estádio tão sonhado. Eu acredito que a Associação conseguirá construir o estádio. E por uma única razão. O Dr. Milton Bertelli é testemunha do que lhe disse:
"Acredito na execução da obra pelo orgulho dos dirigentes da Associação Caxias. Não orgulho defeito. Mas sim, orgulho virtude. Caso eu me enganar, então modificarei meu pensamento".
:: O plano da Associação previu, além do mais, uma possível rapidez na execução da obra. Isto é bom, face às nossas condições de tempo.
:: Em 1975 o estádio deverá estar pronto. Pelo que foi dito na noite do lançamento, seria certa já a participação de Caxias do Sul no Nacional de Clubes. Com este motivo, duvido que alguém não torça para que o estádio seja construído. A não ser que odeie o futebol.
Na imprensa
Nas reproduções a seguir, a capa do Pioneiro de 22 de setembro de 1973, com a maquete do novo estádio, e a matéria do lançamento, assinada por Guiomar Chies.
Apoiadores
As obras do Estádio Centenário tiveram o apoio financeiro de diversos empresários de Caxias. O líder Francisco Stedile - que posteriormente virou patrono e nomeou o estádio - acompanhava a edificação permanentemente. Laerte do Reis e Mario Polesso eram os responsáveis diretos pela construção. Já o jornalista José Domingos Susin atuou na venda das cadeiras e camarotes.