Atualmente trabalhando na identificação do acervo redescoberto do fotógrafo Hugo Theodoro Neumann, o historiador e pesquisador Éder Dall’Agnol dos Santos resgatou não apenas belas imagens, mas parte da trajetória da famílias como a de Carlota Moschen e Sisto Echer — pai, filho e neto, todos com o mesmo nome.
Toda essa história teve início na comuna italiana de Caldonazzo, localizada na província de Trento. Foi de lá que migraram, em 1875, Sisto Echer (pai), 34 anos, a esposa Giuditta Nicolussi, 31, e os filhos Sisto, quatro, e Angelo Pio, três.
Conforme Éder, os Echer, juntamente com outras famílias do norte da Itália, fizeram parte do grupo de imigrantes contratados pelo senhor Pietro Tabacchi para trabalhar nas fazendas de sua propriedade, no Estado do Espírito Santo — Pietro conseguira a licença de imigração do governo da província no ano de 1873 e, em 21 de fevereiro de 1874, chegava à capital, Vitória. A bordo do vapor La Sofia, Tabacchi trazia 386 imigrantes da região do Tirol para estabelecê-los na fazenda Nova Trento, na localidade capixaba de Santa Cruz.
— Esta expedição foi um marco da imigração italiana brasileira, sendo considerada a primeira migração em massa de italianos para o Brasil — completa Éder.
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Mudança de roteiro
Sisto Echer (pai) embarcou com a família no porto de Le Havre em maio de 1875. A bordo do Navio Belgrano, o grupo chegou ao Rio de Janeiro e, posteriormente às cidades de Piúma e Anchieta, no Espírito Santo _ onde todos foram encaminhados para o destino final, a Colônia de Rio Novo.
Não se sabe o motivo certo — clima, maus-tratos ou condições insalubres —, mas poucos meses depois, em 14 de dezembro de 1875, Sisto e Giuditta, juntamente com os filhos, deixaram a Colônia de Rio Novo.
O destino? A Serra Gaúcha, região que estava começando a receber as primeiras famílias de origem italiana.
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A chegada ao Sul
Em 7 de junho de 1876, a família de Sisto recebeu o lote número 39 do Travessão Barata Góes, na Quarta Légua (atual Galópolis). Foi onde nasceram as filhas Maria, Rosa e Catarina. Cinco anos depois, em 2 de junho de 1891, Giovanni Battista Moschen e sua família, que haviam acompanhado os Echer na viagem desde a Itália, também se fixaram no mesmo Travessão, no lote de número 5.
Não tardou, lógico, para que Carlota, filha de Giovanni, e Sisto Filho se conhecessem e casassem ali mesmo. Após a união, realizada entre 1888 e 1890, o casal permaneceu morando por oito anos na casa dos pais, na Quarta Légua. Já no ano de 1898, eles se estabeleceram na Linha São Maximiliano de Santa Lúcia de Faria Lemos (atual Santa Lúcia do Piaí).
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O casal e os filhos
Sisto e Carlota tiveram 17 descendentes. Nas imagens acima, registradas pelo fotógrafo Hugo Theodoro Neumann no mesmo dia, em meados dos anos 1920, Sisto aparece com os sete filhos homens: Angelo, Vitório, Guerino, Sisto Filho (Sistoto), João (Nane), Hilário e Ricardo (Ricardin).
Já a esposa Carlota aparece junto às 10 filhas: Maria, Ana, Judith, Carolina, Rosa, Catharina, Paulina, Libera, Adélia e Arlinda.
Parceria
Colaborador da coluna Memória, o historiador Éder Dall’Agnol dos Santos vem pesquisando a trajetória de diversas famílias que ajudaram a colonizar o distrito de Santa Lúcia do Piaí desde finais do século 19. O trabalho, segundo ele, deverá ser transformado em livro em breve.
Moradores do distrito que tenham interesse em colaborar com fotos e dados sobre suas famílias ao longo do século 20 podem entrar em contato pelo e-mail ederdallagnol89@gmail.com ou telefone/whatsapp (54) 98449.9186.
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