Inaugurado em 28 de fevereiro de 1954, por ocasião da visita do presidente Getúlio Vargas a Caxias e da abertura da Festa da Uva, o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (Samdu) teve seu primeiro ano de funcionamento marcado por uma série de altos e baixos – incluindo aí até um breve período fechado.
Localizado na Rua Sinimbu, 1.213, defronte à antiga Auto Caxias (hoje Igreja Universal, entre a Guia Lopes e a Andrade Neves), o Samdu teve como primeiro diretor o médico Renato Metsavaht. O órgão era subordinado ao Ministério do Trabalho, então sob o comando do futuro presidente João Goulart, e mantido com recursos advindos de uma taxa especial recolhida pelos institutos de previdência. Com unidades em várias cidades do país, tinha por objetivo prestar serviço médico de urgência aos contribuintes dos institutos de pensões e aposentadorias.
Em Caxias, o Samdu estendeu seus serviços também à população em geral e aos moradores do interior – graças à concessão de uma ambulância e de um auxílio extra, intermediado pelo prefeito Euclides Triches e pela Câmara de Vereadores. As verbas, no entanto, minguaram pouco tempo depois, tanto por parte da Previdência quanto pela prefeitura, que teria deixado de repassar os então Cr$ 300 mil assumidos em contrato.
O resultado, conforme matéria do jornal Diário do Nordeste de 6 de novembro de 1954, foi o fechamento temporário dos serviços e um telegrama enviado pelo então diretor do Samdu no Rio Grande do Sul, dr. Tasso Vieira de Farias, à Câmara de Vereadores, afirmando que a retomada só se daria com o pagamento dos débitos pela prefeitura.
O impasse foi resolvido no início de 1955, com a retomada dos serviços, agora em novos moldes: somente à noite, das 20h às 8h, e restrito aos contribuintes dos Institutos e Caixas de Aposentadoria – não mais à população em geral –, mantendo, porém, o atendimento a casos de urgência e acidentes em via pública.
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Modernos helicópteros
Matéria do Pioneiro de 4 de setembro de 1954 destacou as “novidades” do Samdu naqueles dias: a instalação de um serviço de rádio-transmissão, responsável por manter a filial de Caxias sempre em contato com a direção de Porto Alegre.
Além disso, destacou a chegada, dali para breve, de uma frota de modernos helicópteros para o serviço no Rio Grande do Sul. Segundo o então diretor do Samdu em Caxias, dr. Renato Metsavaht, eles "possibilitarão atender imediatamente todos os casos que surjam no interior do município. Os helicópteros serão dotados de macas, que permitirão um mais rápido transporte de doentes".
Ensaio do Estudio Geremia
Nas imagens desta página, parte de um ensaio feito pelo Studio Geremia em finais dos anos 1950, onde foram destacados os vários espaços e a estrutura do prédio. Um dos cômodos (foto acima) muito provavelmente teve a pintura na parede feita pelo doutor e também artista plástico Darwin Gazzana, integrante da equipe médica.
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Na imprensa
Nas reproduções acima e abaixo, algumas matérias veiculadas nos jornais Pioneiro e Diário do Nordeste em 1954 e 1955, durante os primeiros meses de funcionamento do Samdu. Abaixo, a matéria do Pioneiro de 4 de setembro de 1954 destaca um ensaio feito pelo Studio Tomazoni Caxias, mostrando as dependências e a fachada do prédio, na Rua Sinimbu, 1.213.
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