Qualquer que seja o gosto contemporâneo pela qualidade e pela confiabilidade, o sucesso de um produto depende em grande parte de seu design, de sua apresentação. E foi no interior de Caxias do Sul, no Distrito de Ana Rech, que Carlos Bacchi Filho iniciou sua jornada, aos 20 e poucos anos, em busca da autenticidade e da evolução de sua criatividade por meio da moda, área na qual sua racionalidade se encontra com a emoção.
— Quando criança, sonhava em ser um empresário bem sucedido, vestido de trajes sociais, cabelo penteado, todo arrumado e trabalhando em alguma empresa internacional com sede de muitos andares em São Paulo ou Nova York. Me tornei um costureiro de vestidos que anda de bermuda e chinelo em tempo integral, com o cabelo bagunçado, em um casarão antigo da Capital gaúcha. Bem mais legal! — revela Bacchi, 34, graduado em Fashion Design pelo Istituto Marangoni, ao lembrar de suas expectativas ao adultecer em tenra idade.
Para o leonino do dia 28 de julho, filho de Carlos Bacchi e Luciane Baggio, definir sua trajetória em poucas palavras é uma tarefa para ser contabilizada, visto que é formada por diversas nuances de seu desenvolvimento pessoal e profissional. Em seu intenso trabalho com a moda predomina a arte, a novidade e o sofisticado, fundamentos que embasam sua fama na alta-costura nacional, uma vez que é presença recorrente em casamentos, festas e até tradicionais reuniões sociais e extravasa excentricidade com criações para o Baile da Vogue, realizado anualmente no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Entre outros feitos, nosso entrevistado revela a alegria em ter assinado os looks vestidos por sua musa a cantora Marisa Monte, que exibiu as peças em vídeos de estreia de seu mais recente álbum “Portas”.
— Vestir Marisa talvez tenha sido o auge para mim. Sou fã declarado, em um nível que nem na moda ostento. Tenho orgulho da minha história. Nunca planejei muito, nem jamais pensei lá na frente. A grife acontece naturalmente, surfando cada onda que aparece, sejam elas grandes ou pequenas. Ver minha marca crescendo dessa forma e alcançando distâncias antes inimagináveis me faz ter a certeza de que as regras básicas de vida que me proponho a cumprir diariamente estão corretas — afirma o incensado designer.
Manter-se criativo o tempo todo também é um dos desafios da rotina de Carlinhos, porém ele nos conta que para contornar esses momentos de bloqueios o essencial é promover uma pausa e descansar até que a mente retorne ao ponto inicial. Estabelecer uma conexão com outras áreas como arquitetura, fotografia e literatura também compõem suas fontes de inspiração. Para ele, o mundo é totalmente visual.
— Saber como traduzir a personalidade em forma física e conduzir as ideias para o mundo real, isso é estilo. É legal prestar atenção e identificar a individualidade das pessoas pela sua expressão — diz ele.
Alinhado a esse processo criativo e em equipe, Bacchi se denomina experimental e revela gostar de misturar materiais e testar fórmulas próprias de desenvolvimento. Tanto é que ele foi escolhido pela rede de hotéis de luxo Krepinski para ser um dos embaixadores do novo empreendimento Laje de Pedra, em Canela, e assinará os uniformes do staff receptivo do local com o que há de mais conceitual no setor têxtil do Rio Grande do Sul.
Toda essa experiência adquirida se resume em um conselho para aqueles que desejam seguir seu caminho na área: — Antes de qualquer passo à frente, teste. Trabalhe em alguma empresa do setor. Existe uma imagem muito sedutora da profissão, é necessário enxergar a realidade da moda, para não haver frustrações futuras.
Palavras-chave para fazer moda:
- Originalidade;
- Amor;
- Sustentabilidade;
- Pausa;
- Equipe.