Espaço e tempo para criar
O caxiense Rafael Frederic Vieira Witt conta nesta entrevista que, na infância, foi uma criança curiosa. Aprendeu a falar muito cedo, gostava de matemática, física e era tímido. Aos oito anos, o filho de Edson Claudecir Witt e Hana Cristina Vieira Witt, já tocava violão e aos 15 cantava nas reuniões de família. A arte, ele descobriu quando frequentou o Ensino Médio do CETEC-UCS. Depois de ter cursado dois anos de Engenharia Mecânica na UCS, voltou-se para as ciências sociais e agora é acadêmico de Relações Internacionais na UNISINOS. Hoje, é músico com trabalhos disponíveis para streaming em todas as principais plataformas digitais. Rafael compõe, toca, canta e faz os arranjos de suas próprias criações em inglês. Em 2020, lançou sua primeira canção autoral e agora tem planos de viajar novamente pelo mundo e aprimorar suas referências.
O que sonhava ser quando crescesse e o que se tornou? Quando pequeno queria ser desenhista de carros, depois engenheiro, há pouco tempo pensei em ser diplomata, nunca acreditei que seria possível ser músico. Com o tempo descobri que meu amor pela música era a minha verdade, com o apoio da família e amigos abracei minha paixão e agora não paro mais.
Qual é a sua história com a música, como começou e por que decidiu seguir por esse caminho? Tenho ótimas lembranças de viagens de carro com a família ouvindo música e cantando desde pequeno, mas sempre tive vergonha. Com o tempo fui me soltando, aprendi a tocar violão e a cantar. Encontrei na música uma maneira de me abrir para as pessoas, socializar, ser reconhecido, lembrado e respeitado. A música me trouxe momentos inesquecíveis, amizades, amores e oportunidades. Não consigo imaginar quem seria sem tudo isso.
Quais músicas não saem da sua playlist? Edge of Desire e Vultures do John Mayer, Nothing do Bruno Major, Dance Little Liar do Arctic Monkeys, Broken Bones do KALEO e o tema principal do filme “Interestelar” do Hans Zimmer.
Uma qualidade: o fascínio pelo futuro, pela possibilidade, pelo novo.
Um defeito: posso ser egoísta e infantil, machucando pessoas que amo.
Uma palavra-chave: imaginação.
A melhor invenção da humanidade? O sentido para as coisas, para a existência.
Gostaria de ter sabido antes... que devo falar a verdade, sempre.
Um hábito que não abre mão? Acordar cedo e comer muito no café da manhã.
Quais são as suas referências na área? Admiro artistas que criaram uma carreira longeva, concisa, profissional, divertida, cheia de propósito e paixão por seu trabalho, seus fãs, família e amigos, como a Taylor Swift, Jack Johnson, Ed Sheeran, John Mayer, Beyoncé, Eric Clapton, Tiago Iorc, Capital Inicial.
Como lidar com bloqueios e se manter criativo? O segredo é não pensar muito, deixar de lado o crítico “leitor” dentro de si e abraçar o criativo “escritor”, com mais frequência.
Quais conselhos daria para quem deseja iniciar uma carreira na música? Foque no seu talento, na arte. Mas não deixe de estudar sobre o business da indústria da música, marketing, vídeos, tecnologia, comunicação, networking e reservar tempo para desenvolvimento e reflexão pessoal.
Quais são os seus planos para o futuro? Quero consolidar minha carreira como músico, fazer shows pelo Brasil e pelo mundo afora. Criar uma carreira rentável, me estabelecer e ter uma família.
Fale sobre sons e silêncio: estou sempre falando, opinando e reagindo a tudo. Com as redes sociais e a internet ficamos muito ativos, cheios de informação. Parece que esquecemos da importância do silêncio. Lembro da frase de Miles Davis: “são as notas que você não toca”, o Jazz é muito sobre isso, mas pode-se aplicar a nossa realidade, ao dia a dia. Observar, refletir, valorizar o silêncio e meditar. Sinto que falta um pouco disso em minha vida.
Em que tom observa o momento atual do mundo? Sou um cara muito otimista. Acho que estamos passando por um momento complexo, da globalização e maior democratização do mundo virtual, facilitando conexões e amplificando tudo. Mesmo que más intenções se disseminem com mais facilidade, o bom, o verdadeiro, o genuíno perdura e impacta de forma superior. Tenho confiança de que vamos superar esse momento de crise, onde aprenderemos muito, criando um futuro com construções e conclusões positivas.
Qual canção mais reverbera dentro de ti? Com certeza “Velha Infância” do Tribalistas. Me traz memórias boas de minha infância, meus pais, meu irmão, minha família.
Como é fazer música na era do streaming? Me sinto privilegiado por poder criar, gravar e lançar música com muito mais facilidade do que na era das grandes gravadoras, discos, do alto custo de produção e manutenção da música. Mas por outro lado, sinto falta da conexão interpessoal e da “materialidade” que a música física traz.
Música boa é aquela que... toca o coração, que faz chorar, de alegria ou tristeza, que de algum jeito remete o ouvinte a um momento especial e marca sua vida.
Qual seu estilo musical preferido? Folk-Rock.
Sonha em dividir o palco com alguém? Quem? Meu sonho é tocar junto com o John Mayer. Ele me inspira desde pequeno, seria uma honra ser reconhecido por ele como um músico de valor. Gostaria que ele tocasse um solo em alguma música que eu compusesse. Então eu poderia morrer feliz.
Tocar um instrumento é um ato sagrado? Não acho que apenas tocar, mas sim, tocar com razão, com determinação, com objetivo. Isso sim, me traz um sentimento sagrado, etéreo.
A grande música de todos os tempos? Smells Like Teen Spirit do Nirvana. Uma música que transformou a época, que representa a banda, a peculiar vida do Kurt Cobain como celebridade, a pressão, a complexidade. Sinto que essa música tem um poder, uma força por si só. E é importante para mim.
Qual a primeira coisa que fará quando a pandemia acabar? Quero tocar minhas composições ao vivo, ver pessoas, interagir, agradecer e abraçar quem me apoiou nesses tempos difíceis e claro, viajar bastante.