Paulo e a grandeza de se redescobrir
O médico Paulo Roberto Fochesato, filho de Agostinho Fochesato e Erna Brochier Fochesato (in memoriam), celebra as memórias de infância e os afetos em família com sua companheira, Celci Maria Fim Nogueira da Silva e sua filha, a também médica Larissa Bittencourt Saggin Fochesato. Caxiense, Paulo se revela humanista e acolhedor com seus pacientes. Atualmente ele integra o elenco de profissionais da Immensità Clínica Médica, pioneira na Serra gaúcha na aplicação do tratamento de modulação neuro-psico-física com Tecnologia REAC.
Qual sua melhor lembrança da infância? Férias com a família na praia de Arroio do Sal, ruas sem calçamento, água potável puxada por uma bomba de poço nos fundos da casa, energia elétrica que era interrompida às 22h, meu irmão Carlos (in memoriam) com quatro anos e eu com cinco, andando em uma pequena charrete puxada por dois bodes, explorando todos os cantos possíveis daquela praia.
Se tivesse vindo ao mundo com uma bula, o que conteria nela? Você não é perfeito, portanto, se agir de forma não coerente, aprenda com o erro, mude sem arrependimentos e sem culpa, e torne-se uma pessoa cada dia melhor.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Ao me redirecionar profissionalmente, abandonando o exercício da cirurgia após 12 anos, progressivamente me fortalecendo na homeopatia e, mais recentemente, na tecnologia REAC. O título seria “Encontrei meu caminho”.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Um cientista humanista, com visão holística do ser humano.
É possível definir objetivamente o que é ser um bom médico? É escutar atentamente o paciente, procurando entendê-lo como um ser único que está expressando seu modo peculiar de viver um desconforto ou uma doença, e auxiliá-lo da melhor maneira que puder para aliviar seu sofrimento.
Como se mantém atualizado durante as mudanças no setor? A leitura técnica e científica é fundamental. A tecnologia atual facilita muito, por meio principalmente da internet, o acesso às informações e aos estudos científicos atualizados. Também participo periodicamente de cursos de aperfeiçoamento nas minhas áreas de atuação.
Nestes anos de profissão, houve algum momento crítico em que foi preciso superar barreiras? Sim. Quando decidi mudar o rumo dentro da minha profissão, abandonando a especialização em cirurgia e direcionando meus esforços para a homeopatia. E também quando foi implantado o Plano Collor em março de 1990, com o confisco das contas-poupança e diversas outras medidas que provocaram o esvaziamento dos consultórios médicos, o que me levou a buscar uma outra especialização na medicina do trabalho e, logo em seguida, a atuação como médico perito nas Varas da Justiça do Trabalho.
Quais perspectivas vislumbra para os futuros profissionais da área? Dois aspectos importantes sobre a medicina do futuro são o aprimoramento das tecnologias permitindo maior conhecimento sobre o funcionamento celular e informações genéticas, promovendo diagnósticos precoces e exatos. A abordagem deverá priorizar muito o aspecto preventivo, buscando a relação entre fatores ambientais e hábitos de vida e o estado de saúde das pessoas.
Que lições tem tirado do exercício da profissão em meio a pandemia? A primeira lição é que não estamos, até o presente momento, preparados para entender e tampouco tratar eficazmente esta infecção viral aguda, altamente contagiosa e que sofre mutações em curtos tempos. A segunda lição, talvez mais importante, é que não adotamos comportamentos preventivos em relação a estas possibilidades de adoecimento, e o que é pior, talvez nem queiramos priorizar o investir em prevenção.
Quais os desafios em promover um tratamento com a Tecnologia REAC em um cenário como o que estamos vivendo? Esta tecnologia estrutura a plataforma de saúde do indivíduo, promovendo a autorregulação dos sistemas orgânicos por meio da liberação dos fluxos iônicos a nível celular. O resultado é a otimização da função celular a nível global e consequente aprimoramento do estado de saúde em todos os níveis. Os trabalhos científicos, indexados no PubMed comprovam a eficácia desta tecnologia. O primeiro desafio é trazer o paciente para o consultório, uma vez que a aplicação dos protocolos desta tecnologia exige ser de forma presencial, evidenciando-se expressiva resistência durante a pandemia. O segundo desafio é transmitir para o paciente a confiança necessária para acreditar nos resultados efetivos, que ocorrem de forma individual e gradativa e dependem da repetição dos ciclos de tratamento.
Além da pandemia, quais têm sido os grandes desafios da medicina nos dias atuais? Sem dúvida, o tratamento das doenças crônicas, principalmente face à perspectiva do aumento do tempo de vida do ser humano. Não existe medicação que cure uma doença crônica como, por exemplo, o diabetes ou a hipertensão arterial sistêmica ou doenças degenerativas. No entanto, no momento em que que o indivíduo cessa o uso da medicação ou retoma hábitos de vida não saudáveis, a doença retoma seu curso, invariavelmente com a progressão e piora. Porém, novas tecnologias estão vindo para, no mínimo, reduzir a progressão das doenças e dar maior longevidade com mais qualidade de vida.
Quem foi, ou é, sua grande influência? Dois médicos, expoentes de seus tempos, influenciaram fortemente minha trajetória profissional. Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755 – 1843), médico alemão fundador da homeopatia em 1779. Seus ensinamentos e filosofia me ensinaram a observar o paciente em relação a seu meio ambiente e hábitos de vida. Como encara a sua vida, como vive a sua doença, como reage frente às mais diversas condições de vida. Entendendo-o como um ser único, com todas as suas particularidades, e que deve ser tratado também de forma personalizada, única. E Salvatore Rinaldi, médico neuro-fisiologista a cientista italiano, natural de Florença, criador da Tecnologia REAC, com estudos científicos realizados ao longo de 35 anos, ainda em plena atividade direcionada para os estudos científicos desta tecnologia, que me mostrou um lado pouco conhecido e estudado da arte médica, relacionado ao comportamento do organismo frente aos fatores estressores ambientais e hábitos de vida, e a possibilidade de modificar esse comportamento orgânico, recuperando a saúde e o bem-estar mediante a aplicação dos protocolos da Tecnologia REAC.
O que gosta de fazer no tempo livre? Gosto de ler, assistir esportes ou um bom filme, e gosto muito de cozinhar sempre que possível.
Traço marcante de sua personalidade? Lucidez, fé, integridade, humanidade.
Um hábito que não abre mão? Rezar, agradecendo a Deus pela minha vida, minha família, meus amigos e minha profissão.
O que mais respeita no ser humano? Honestidade.
Qual a primeira coisa que vai fazer quando a pandemia acabar? Vou agradecer a Deus e passear pela minha cidade para observar as mudanças. E depois vou rezar para pedir que Deus nos proteja da próxima pandemia.