Percepção vigiada!
Flávio Steffli Jr sempre foi uma figura que causou na cena festiva da região, antes mesmo do caxiense se transformar em celebridade por sua participação no reality show Big Brother Brasil 2009. Aos 37 anos, o filho de Flávio Steffli e Sonia Rossetto Steffli é empresário do entretenimento e DJ. Casado com Fernanda Trevisan, ele trocou os cenários da Serra gaúcha pelas paradisíacas praias do Litoral Catarinense.
Qual a canção que remonta a sua infância? Qualquer música do Balão Mágico, Trem da Alegria ou Xuxa me leva direto para a infância. Sem dúvidas as mais marcantes são as brincadeiras com toda a vizinhança na rua em frente a casa onde morava, e a alegria em poder desfrutar da sabedoria e do carinho dos meus queridos e saudosos avós, Bernardina Rossetto, Maria e Francisco Steffli. Tive a sorte de conseguir passar muito tempo com eles. Infelizmente meu outro avô, Adelar Rossetto, faleceu antes do meu nascimento, mas sei que pude contar com sua proteção.
Qual é a sua história com a música e por que decidiu seguir por esse caminho? Minha primeira paixão nessa área foi por bateria. Aos 14 anos resolvi investir e aprender a tocar. Logo em seguida entrei para a primeira banda de pop rock “Os Amantes do Telhado”. Era o encontro da paixão pela música e a alegria de poder estar entre grandes amigos, Bruno Ruschel, Guilherme Casali, Marcelo Pinson, João Toss e Rodrigo Salvador. Daí em diante sempre tive a música me acompanhando. Participei de outras bandas - menção especial para os “Pitchuritchus” na qual fui percussionista e baderneiro - trabalhei alguns anos como produtor de eventos, que me ensinou muito sobre o lado do “backstage” do entretenimento, e também foi quando tive os primeiros contatos com a arte da discotecagem. A decisão de seguir esse caminho foi natural.
Quais são as suas referências na área musical? Fico sempre ligado nos artistas que tem algum projeto ou forma de atuar diferente e inovadora. Nos últimos tempos algumas referências são; Disclosure, admiro a forma como fazem tudo ao vivo nos shows; Daft Punk, pela constante adaptação as novas tendências e também ao lúdico de não terem a identidade revelada; Alok, por ter se consolidado no setor, além disso está sempre lançando novos trabalhos com diferentes estilos.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Pensando no conjunto completo com profissão, obras, relevância, inovação, quantidade de atributos profissionais e pessoais, e pela forma que ainda vive, seria na pele do Paul McCartney.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? A passagem de maior proporção, e que impactou não só a minha vida mas a de muitas outras pessoas, foi a participação no BBB. Mas, do ponto de vista de maior importância para a formação da minha personalidade, são a Ordem Demolay, o período no Exército, o tempo que morei nos EUA e na Itália e a minha relação com a música. Um bom título para a biografia seria, Metamorfose Ambulante.
De Atlanta, nos Estados Unidos, para a casa mais vigiada do Brasil. De onde surgiu a vontade de participar do Big Brother Brasil? Nunca havia passado pela minha cabeça essa possibilidade. Alguns amigos falavam que eu deveria tentar participar, mas sempre em tom despretensioso. Num jantar, meus queridos amigos Simone Damin e André Molon insistiram na ideia e me fizeram prometer que iria finalizar a inscrição. Passados alguns meses e na andança maluca entre Estados Unidos e Itália cumpri a promessa e resolvi arriscar. Deu certo!
Quais são suas maiores recordações da época? Só tenho recordações boas. Lembro bem da maioria das pessoas e de muitas sensações que tive durante a jornada. Era sempre muito surpreendente só ir para dentro ou para fora da mesma casa e ao mesmo tempo ter tanta coisa grande acontecendo de uma hora para a outra. Era meio que uma sensação de ver um filme novo a cada dia e poder entrar nele para desfrutar. Ficava muito impressionado com a dimensão das estruturas montadas para cada festa, cada prova do líder, do anjo, da comida, as ações de patrocinadores. Tudo muito surreal.
O que acha que o fez ser selecionado? Tenho certeza de que foi a clareza nas informações. Não escondi nada sobre minha personalidade. As pessoas tem tendência a mentir nesse tipo de processo seletivo. Querem parecer algo que não são, seja fisicamente ou psicologicamente, para agradar ou para tentar chamar mais a atenção. Tinha muito claro que era um reality show. Fui real e ponto final.
Que dica daria para quem deseja ingressar no BBB? Faça todo o processo de seleção imaginando que é possível. Saiba claramente os motivos que te fazem querer participar e seja verdadeiro e direto na hora de passar isso para a sua inscrição. Se conseguir atingir as etapas finais de seleção, não crie expectativas gigantes. Siga a vida normalmente e deixe acontecer o que tiver que ser. Entre para ganhar! Eu demorei para querer ganhar. Quis antes de tudo curtir o momento, e cada dia lá é precioso em busca do objetivo.
Que amizades e conexões o Big Brother Brasil te trouxe? Fiz muitas amizades durante o programa. Acredito que tive o privilégio de participar de uma edição com muita gente bacana. As maiores amizades foram com Max, Francine, Priscila e Ralf. Conheci também vários participantes de outros anos com quem criei alguns laços de amizade. Atualmente as relações são mais distantes pelos rumos diferentes da vida de cada um. Em relação as conexões, criei inúmeras. Graças a elas pude conhecer lugares incríveis, grandes profissionais do entretenimento e fiz grandes amigos.
Quais conselhos daria para quem deseja investir na profissão artística? Faça dela uma verdadeira profissão. Tem muita gente no mercado, mas pouquíssimos profissionais. Tenha um Plano B engatilhado ou uma possível segunda ocupação. Entenda desde o começo que é uma profissão que sofre alguns preconceitos (do tipo, é DJ, mas trabalha com o que?), mas não desista se essa é a sua vocação. Quando faz por amor, a recompensa é muito deliciosa. Sou muito mais feliz por poder fazer as pessoas se divertirem.
Fale sobre sons e silêncio: um dos meus maiores prazeres é ficar percebendo os sons. Adoro ouvir o som do fogo, das ondas do mar, da chuva, da respiração profunda, da rolha quando sai da garrafa, dos animais dando bom dia quando se está mais perto da natureza e de acordes leves de violão. Já o silêncio é uma dádiva. Sabe aquela frase que o diz: “o silêncio é música para os ouvidos”? Funciona comigo! Mas eu falo daquele silêncio que é quase impossível de encontrar na cidade grande. Aquele que você procura um barulho de tão silencioso que está. Sou mais criativo no silêncio profundo.
Quem é o seu grande ícone da música? Pensando especificamente na arte, não vi um ícone maior que o Michael Jackson. Ele conseguiu revolucionar o mercado da música em várias áreas. Ninguém foi mais marcante na forma de atuar do que ele. Deixou um legado eterno na forma de cantar, dançar e vestir. Dentre tantas obras incríveis gosto muito de Black or White.
Em que tom observa o momento atual do mundo? Desafinado! A falta de uma percepção geral mais equilibrada me assusta. É como se fosse uma banda na qual cada um toca uma música diferente e ninguém queira ouvir o que outro está tocando. Essa polarização toda me preocupa muito.
Qual é a primeira coisa que irá fazer quando a epidemia acabar? Estou desde abril do ano passado sem visitar meus pais. Assim que tudo estiver mais seguro vou para Caxias matar as saudades do abraço deles. Fora isso é voltar logo a tocar e divertir as pessoas e fazer uma fogueira com as minhas máscaras.
Entre geografia e afetos, faça um paralelo entre o litoral catarinense e a Serra gaúcha: Serra é o porto seguro. É aconchego da família, as raízes fortes, as verdadeiras e antigas amizades. Litoral Catarinense é a construção. É onde compartilho a vida com minha alma gêmea. É aprendizado constante por viver em um lugar tão cosmopolita. É o calor na medida certa.