O cuidado humano e incondicional
Rosemary Araldi Rodrigues Pistorello, filha de Sebastião Vanderlei Rodrigues e Eunice Araldi Rodrigues, é gerente executiva do SSI Saúde, o plano de saúde das Empresas Randon há mais de 25 anos. Seu foco de atuação é nas áreas de medicina assistencial, ocupacional e preventiva dos funcionários e seu grupo familiar, fazendo a gestão da saúde de forma integrada. Casada com Nilo Pistorello e mãe de Kauany, é graduada em Administração de Empresas e em Direito pela UCS, pós-graduada em Gestão de Planos de Saúde pela Anhanguera – UNIDERP, possui MBA em Gestão Empresarial pela CEEM/FGV e formação no Programa de Desenvolvimento de Gestores de Negócios pela Fundação Dom Cabral, cursando MBA em Gestão, Inovação e Serviços em Saúde pela PUCRS. Atualmente, é diretora de saúde da CIC de Caxias do Sul, integra a diretoria do Instituto Unitea, é Coordenadora de Saúde do Mulheres do Brasil.
Qual sua lembrança mais remota da infância e que sabor te remete a essa época? O bolo de chocolate que minha falecida avó, Áurea Dorvina Velho, preparava. Sempre que sinto o cheiro desse tipo de bolo, me remete a acolhimento e carinho.
Se tivesse vindo ao mundo com uma legenda ou bula, o que conteria nela? Contém perseverança, sem efeito colateral.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? O nascimento da minha filha. O título seria “O amor incondicional”.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Anita Garibaldi, guerreira, mulher à frente de seu tempo, disposta a enfrentar seus medos em prol de um bem maior, assim como Anna Rech, outra figura forte, empreendedora e preocupada com a comunidade e o bem comum.
Por que escolheu a administração de serviços de saúde? Porque esta área permite auxiliar as pessoas nos momentos em que estão mais vulneráveis, muitas vezes sem saber que caminho seguir. Na área da saúde encontrei uma amplitude maior do sentido em zelar pelo outro. Defendo muito o cuidado ativo, o cuidar de mim, do outro, do todo. Além disso, traz um enriquecimento pessoal muito grande: compartilhar histórias, vivências, experiências, aprendizado.
É possível definir objetivamente o que é ser um bom gestor? É ter uma excelente escuta, pois para sermos bons naquilo que executamos temos que saber ouvir. É ter empatia para saber compreender e cuidar. Mas, principalmente, ter planejamento e flexibilidade, pois sem isso para reavaliar o que não funcionou bem e redesenhar o trajeto, a chance de fracasso aumenta. O reconhecimento de um bom gestor se dá quando ele passa a ser um exemplo, a inspirar as pessoas com quem trabalha.
Como se mantém atualizada durante as mudanças no setor? Sou estudiosa. Neste momento, estou fazendo MBA em Gestão, Inovação e Serviços em Saúde. Saúde é inovação. Não é possível mais falar do tema sem abordar prevenção, predição e tecnologia. Atualmente, a saúde é baseada em algoritmos e ela se sustenta pela inovação.
Nestes anos de profissão, houve algum momento crítico em que foi preciso superar barreiras? Foram vários, mas 2020 nos colocou diante do questionamento de como enfrentar uma pandemia desconhecida. Não estávamos preparados. Estamos em uma guerra na qual o inimigo é invisível. Quem imaginaria que no início de um século, de uma nova década, passaríamos por uma pandemia? Em 2011, vivenciamos o auge da H1N1. Também era um vírus novo, não havia prevenção, nem imunização e muitas pessoas precisaram de internação hospitalar. É difícil administrar saúde e crise. Acredito que vamos ingressar em uma fase ainda mais difícil daqui para frente, porque no ano passado tínhamos uma pandemia, mas havia reserva financeira. Agora estamos enfrentando uma situação econômica difícil com a pandemia. É uma conta que não fecha.
Quais perspectivas vislumbra para os futuros profissionais da área? Entendo que este seja um momento pungente, de reinvenção da saúde e dos profissionais da área, que estão aprofundando seus estudos e conversando mais sobre prevenção. Temos a parte da genética do desenvolvimento a nosso favor. Entendo que a saúde deva virar este capítulo da história mais fortalecida, com revisão de custos e uma abrangência maior. Temos um espaço enorme a ser explorado. Há abertura de DNA, mas ainda temos pessoas que morrem por conta da picada de um inseto. É essa a ponte que estamos atravessando.
Quais os requisitos básicos para quem deseja entrar neste setor? Em primeiro lugar, tem que gostar de gente. Ser humano, no sentido literal da palavra. Tem que prestar atendimento humanizado, estudar muito, ser persistente e saber que saúde também é gestão. Quando comecei neste setor queria ser gestora na Randon, me desenvolver para a empresa. Hoje, é bom ver que as pessoas também querem se desenvolver para elas mesmas, porque a saúde com gestão é algo que temos dificuldade de ver no mercado. Os profissionais precisam ter adaptabilidade à tecnologia e situações adversas como a própria confusão de informações em meio a uma pandemia mundial.
Quais os desafios em liderar um plano de saúde que atende a tantos funcionários das Empresas Randon nesse momento delicado no qual vivemos? São 10 mil funcionários e seus grupos familiares, que totalizam 22 mil pessoas. Sobretudo, é entender que o momento é diferente, que requer ampliação de recursos. Implementamos a telemedicina, fizemos triagem dentro das empresas e treinamento de pessoas para testagem. Nos reinventamos. É o desafio de manter a equipe saudável e unida neste momento no qual os profissionais precisam esquecer seus medos para cuidar dos medos dos outros.
O que é essencial para uma boa qualidade de vida? É focar na prevenção, com alimentação saudável e prática de exercícios físicos. A saúde começa, sim, pela boca. Isso é comprovado cientificamente. Ao mesmo tempo, é procurar ser feliz. Tenho que gostar das coisas que faço. Hoje, 70% das patologias vêm do viés psicossomático. Essencial é equilibramos corpo, alma e mente.
Como alguém engajada com entidades e projetos sociais, que lições pode compartilhar sobre trabalho em equipe? O voluntariado faz parte da minha vida, ainda mais sendo da área da saúde. Não há como dissociar uma coisa da outra. Sempre queremos fazer mais e sozinhos não fazemos nada. O voluntariado permite que a gente una forças em prol de algo muito maior.
Quem foi, ou é, sua grande influência? Raul Anselmo Randon. Tive a oportunidade de aprender muito com ele, que criou o SSI Saúde e, naquela época, as pessoas não entendiam muito bem o porquê dele se envolver com plano de saúde. Olhar para tudo o que já construímos é ver que o investimento do Seu Raul está fazendo bem para nós e para todos os colaboradores. Ele tinha essa visão e consciência de que quando as pessoas estão bem, saudáveis, elas trabalham e vivem melhor.
O que gosta de fazer no tempo livre? Gosto de ler, ouvir música e ir para a chácara aos fins de semana, caminhar na grama e cuidar das minhas flores.
Traço marcante de sua personalidade? Persistência.
Gostaria de ter sabido antes... como seria a geração da minha filha antes de seu nascimento há 25 anos.
Uma qualidade: integridade.
Um defeito: ser obstinada.
Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa? Gratidão.
Reflexão de cabeceira? “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”
Uma palavra-chave: educação.
Qual a primeira coisa que vai fazer quando a pandemia acabar? Abraçar as pessoas amadas e celebrar a vida.