A pluralidade de Iris
Irisletiere Viana de Brito, filha de Maria do Amparo Viana de Brito e Francisco Pereira de Brito, casada com o oficial de justiça federal Marcus Vinícius de Carvalho e Souza, natural de Teresina, capital do Piauí, é fotógrafa e bióloga. Em sua terceira mudança de Estado, por conta de seu trabalho como servidora pública, resolveu profissionalizar-se academicamente em uma paixão antiga, a fotografia. Juntou as duas paixões em um único desafio e atua na área de fotografia pet, com enfoque no registro dos mascotes e seus tutores. Sua trajetória profissional é diversificada passando desde laboratórios na Universidade Federal do Piauí, pela perícia Forense do Estado do Ceará, Ministério Público Federal no Maranhão até a Justiça Federal de Primeiro Grau, ou seja, mudança é a sua zona de conforto. Para o futuro pretende aprofundar-se no estudo da fotografia com viés mais científico, buscando contribuir para o restabelecimento do equilíbrio entre os seres humanos e a natureza.
Qual imagem guarda da infância? Das brincadeiras na casa dos meus avós com meu irmão e primos.
Ao lado de quem gostaria de ter sentado na época da escola? Do fotógrafo Sebastião Salgado. Entre tantos projetos incríveis, sua produção para a obra “Gênesis” faz transbordar meu coração.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse uma obra? Aos 25 anos tive um problema de saúde que poderia ter custado a minha vida. Essa experiência fez com que eu parasse e revisse o que realmente merecia importância e atenção, e me deu coragem para tentar novos caminhos. Acho que se fosse uma obra o título seria, “Uma coletânea de inquietações”.
Traço marcante de sua personalidade? Determinação.
Do que precisa para ser feliz? Coragem para saber reconhecer e apreciar os pequenos momentos de felicidade que a vida nos proporciona.
Quando teve o primeiro contato com a fotografia? Quando criança, meu pai, também biólogo, tinha uma câmera analógica que era usada para registrar os momentos da família e também animais. Posteriormente, durante a graduação em biologia essa relação entre a fotografia e os animais se estreitou, já que tínhamos que fotografar os espécimes estudados e as viagens de campo.
Na fotografia, quando o amadorismo dá lugar ao profissionalismo? Quando se entende a luz. Não basta apenas ter um bom equipamento fotográfico, é preciso entender a luz, desenvolver seu olhar para enxergá-la, criar boas composições e ter paciência para capturar o melhor momento dentro da cena. Nem preciso dizer que para que tudo isso aconteça é fundamental que o estudo esteja presente na rotina do fotógrafo.
Quais as maiores dificuldades para um fotógrafo em início de carreira? A princípio, entender aquilo que te desperta paixão em fotografar, ter o domínio da técnica e da luz. Por último, saber se essa fotografia será desejada pelo público.
Com sua experiência, que conselho daria pra quem pensa em ingressar nessa carreira? Invista, sobretudo, em conhecimento, domine a técnica e apure o seu olhar. Ninguém nasce pronto. Todo fotógrafo profissional um dia já foi amador. Fotografia é uma arte intimista, carrega consigo a bagagem de vida do profissional. O fotógrafo faz um recorte da realidade de acordo com a sua percepção e do que deseja mostrar. Procure olhar para as coisas e situações de uma maneira diferente.
Onde busca referência para seus trabalhos? Basicamente são três fontes: procuro acompanhar o trabalho de outros fotógrafos com nicho semelhante ao meu, aliando ao estudo científico sobre comportamento animal, além de observar diariamente o comportamento dos meus dois cães.
Quais os maiores desafios em fotografar os pets e suas famílias? É sempre uma surpresa, nenhum ensaio é igual ao outro. Cada pet tem sua personalidade e sua relação com a família. Alguns são mais sociáveis, outros mais quietos, por isso é fundamental conquistar sua confiança. Acredito que os maiores desafios sejam deixar todos os envolvidos no ensaio de uma forma natural e proporcionar uma experiência divertida.
Como reagem as famílias ao ver seus mascotes eternizados em fotografias? Geralmente eles não esperam que as fotos saiam tão espontâneas, então, o resultado sempre é surpreendente. Quando o ensaio é realizado em casa, as pessoas normalmente acham que o cenário não vai contribuir, mas quando recebem o resultado, ficam felizes por terem seu pet registrado de forma natural, refletindo exatamente como ele se comporta no dia a dia. É muito gratificante entregar um trabalho com tanto significado.
Qual foi seu primeiro animal de estimação? Uma cachorra, chamada Pantera.
O que fazer para se manter criativa em tempos de isolamento social? Acho que curiosidade é a palavra. A minha mente está sempre inquieta. Passando mais tempo em casa, percebi que consegui ser mais criativa, já que agora tenho mais tempo para aprofundar meus estudos e perceber mais o mundo ao meu redor. Um fato muito engraçado que ocorre comigo é que, às vezes, quando estou adormecendo, de repente, vem uma ideia de algum enquadramento ou composição para uma foto. Cheguei a passar algumas noites mal dormidas, mas agora aprendi a deixar um bloquinho próximo a cabeceira para anotar esses pensamentos.
O que tem feito para impactar o mundo e as pessoas de maneira positiva? Invisto meu tempo e energia em mudança, seja dentro da minha área de atuação profissional como também nas minhas relações pessoais. Procuro compartilhar conhecimentos, experiências e aceitar minhas lacunas e limitações.
A melhor invenção da humanidade? Eletricidade.
Gostaria de ter sabido antes... que a vida não é definida por uma profissão. O ser humano é plural, portanto, podemos gostar e desenvolver várias atividades, sem obrigatoriamente termos que permanecer com uma única escolha.
Com a situação atual do mundo, acredita que o profissional de fotografia estará mais preparado para desenvolver trabalhos voltados à coletividade? Acredito que essa seja uma das inúmeras funções da fotografia. Ao longo da história da humanidade passamos por momentos críticos decisivos que proporcionaram uma mudança de mentalidade. A fotografia enquanto instrumento documental e jornalístico naturalmente exige que o profissional cumpra sua função social, ajudando o público na compreensão da realidade.
Frase máxima? “Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.” Stephen Hawking.
O que mais respeita no ser humano? Honestidade.
Se tivesse vindo ao mundo com uma legenda ou bula, o que conteria nela? Cuidado! 220 volts!
Um hábito que não abre mão? Praticar atividade física.
Um defeito: teimosia.
Uma qualidade: versatilidade.
Reflexão de cabeceira? “Então não sabe, meu caro, que cada um de nós é um negro mistério, um labirinto de paixões, desejos e talentos antagônicos? ‘Mais oui, c’est vrai’. Vive-se tirando conclusões... que noventa por cento das vezes são errôneas.” Livro Treze à Mesa de Agatha Christie.