Vida, palco e plateia!
Ator e professor de teatro desde 2002, Davi de Souza, é diplomado em Artes Cênicas - Módulo Sequencial – pela UCS e diretor da Claque! O criativo artista é dono de uma verve aplaudida por onde quer que se apresente. Nosso entrevistado é também o reverenciado idealizador do grupo Médicos do Sorriso, que há dez anos realiza trabalhos de humanização, em hospitais, por meio da arte do palhaço. Entre seus inúmeros projetos, Davi dirigiu o espetáculo “A Ópera do Vinho”, em Bento Gonçalves, e colaborou como diretor e produtor do Natal Luz de Gramado nos anos de 2011, 2012, 2014, 2015, 2018, 2019 e 2020 e também coordenou a Parada de Páscoa de Gramado em 2018 e 2019. Conheça mais sobre o célebre filho de Ruth Silva de Souza e João Batista de Souza (in memoriam).
Qual sua lembrança mais remota da infância e que sabor te remete a essa época? O brincar até tarde na rua sem medo da insegurança de hoje, andar com os pés descalços, subir em árvore e ser livre. Sabor de pão caseiro com manteiga e chimia de uva no pão quentinho. Tudo acompanhado de um delicioso café com leite.
Qual é a sua história com o teatro, como começou e por que decidiu seguir por esse caminho? Desde criança sempre fui influenciado pela arte. Meu pai foi o primeiro artista que admirei, minha tia Elizabete (in memoriam), foi atriz e meu tio músico, os dois se conheceram no palco e assim segui os passos deles. Depois minha grande mentora Zica Stockmans me ensinou tudo sobre atuar e produzir espetáculos e a Escola Tem Gente Teatrando, onde permaneci por seis anos de muitas vivências. Depois segui meu caminho e continuo até hoje aprendendo a arte de atuar.
Quais os seus trabalhos ou projetos preferidos? Qual o motivo? O projeto Médicos do Sorriso, que leva a arte do palhaço para dentro dos Hospitais, transformando por instantes a dor pelo riso. Isso me enche de orgulho ao vê-lo chegar aos 17 anos de muitas histórias. A direção do Natal Luz de Gramado, estar a frente de um dos maiores eventos de Natal do Mundo e o maior do Brasil, saber que por meio do lúdico encantamos milhares de pessoas a cada espetáculo, vendo o brilho do olhar da criança, e o adulto voltando a ser criança. Olho no espelho e vejo aquele menino pobre e cheio de sonhos que cresceu no Bairro Floresta mais conhecido como Catiguá, que nunca desistiu, mesmo quando tentaram fazê-lo desistir. O menino cresceu e hoje feliz sendo marido da linda Bruna Alves bailarina, pai do Miguel e Heitor Alves de Souza, com sua empresa de eventos, atendendo as maiores empresas da nossa região e do país, empregando muitos artistas. Me sinto realizado, mas sempre querendo mais. Um homem sem sonhos é um homem morto.
Qual é tua personagem mais instigante e o que ela representa para você? Sem dúvidas a Dona Bastiana das Dores que completou 20 anos. Ela representa a força feminina que tem dentro de mim, e muito das mulheres que passaram na minha vida, principalmente a minha mãe Ruth.
O público faz alguma ideia muito diferente do que a profissão realmente é? Com certeza faz, mas estamos virando o jogo. Ser ator é muito difícil trabalhamos muito, ganhamos pouco mas amamos mais. Ainda seremos reconhecidos e respeitados.
Quais conselhos daria para quem quer ingressar nessa profissão? Tenha bons mestres e escolas de teatro que realmente o preparem para ser artista. Se é isso que você deseja, seja forte e perseverante, corra atrás, muitos irão criticá-lo, mas levanta a cabeça e segue em frente. Nada é maior que uma plateia em pé te aplaudindo. Energia pura!
É possível viver de arte? Sim, é possível, se gosta de montanha russa venha ser artista. Dá medo, são muitos altos e baixos, alguns loopings, ficamos de cabelos em pé e de cabeça para baixo, mas o prazer de viver todas essas emoções não tem preço, nenhuma outra profissão consegue proporcionar essa sensação. Quem vive da arte sabe do que estou falando. Venha, você vai se apaixonar.
O que considera que são mitos da profissão? Que artista é vagabundo e não trabalha. Ser ator é apenas questão de talento. Aparência é tudo para um ator. Atores de teatro são melhores do que os de televisão ou cinema. Que palhaço merece muito respeito, pois é muito difícil ser palhaço.
Com que celebridade das artes cênicas você se identifica? Antônio Edson, do Grupo Galpão, de Minas Gerais.
E com qual desejaria contracenar? Meu sonho é contracenar no Grupo Galpão, nem que seja uma participação especial.
Qual foi o seu papel principal? Foi no espetáculo “O Assalto” com Direção do Luiz Paulo Vasconcelos, no qual interpretei o faxineiro Hugo e tive a honra de dividir o palco com o ator Roberto Ribeiro que representou o bancário Vitor. Foi um trabalho intenso e desafiador em todos os sentidos.
O significa ser um homem do teatro? Significa ser um super-herói, pois temos o poder de nos transformarmos em diversos personagens, vivermos muitas histórias e aventuras, dramas e comédias, nunca ser o mesmo. Ser corajoso para enfrentar uma sociedade que ainda não reconhece a arte do teatro como uma profissão, e com orgulho eu digo: sim eu vivo da arte!
Sobre máscaras: comédia ou drama? Amo fazer as duas, mas fazer comédia é para os fortes. Comédia.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Quando meu irmão Jeferson de Souza faleceu com sete anos e minha mãe descobriu que estava grávida e que eu estava chegando para dar muita força pra ela e para o meu pai seguirem em frente. O título seria “Todo Final Tem Um Recomeço”.
Um hábito que não abre mão? Rezar todos os dias pela manhã e agradecer por tudo de bom que está acontecendo, e se tiver ruim agradecer da mesma forma, buscando força na fé para virar o jogo.
O que tem feito para impactar o mundo e as pessoas de maneira positiva? Evoluir como ser humano em todos os sentidos, melhorando o interno que transforma o externo, assim gera uma usina de força interna para emanar energias positivas par todos. Ser pai e ter a oportunidade de ensinar para meus filhos os valores que aprendi com o meu e contribuir com dois seres que também terão a missão de fazer o bem para o outro.
Quais são os seus planos para o futuro? Fazer da Claque Produções uma das maiores produtoras de eventos de Natal do Brasil.
Gostaria de ter sabido antes... que perdoar faz parte da evolução humana.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Charles Chapplin.
Uma qualidade: resiliência.
Um defeito: indecisão.
A melhor invenção da humanidade? A luz.
Reflexão de cabeceira? Regra de ouro: Sempre fazer mais que o combinado.
Uma mensagem aos leitores: respeite o artista nas suas manifestações e espetáculos e que, sim, você precisa frequentar mais o teatro, e ensinar seus filhos a apreciarem arte para serem humanos melhores e evoluídos.