Que seja doce!
Advogada e biscoiteira, Ana Lúcia Basso Varela é a inquieta e feliz esposa de Valter Luis Corso, ele chef de cozinha e confeiteiro com quem compartilha a vida e o comando da Fio D’Ouro. Ana sempre teve duas grandes paixões, o Direito, que é seu lado racional e teimoso e a arte, que é criatividade e, hoje, a direciona na criação dos famosos biscoitos decorados. Ela se confessa uma artesã realizada e reconhecida. Nascida sob a égide do signo de Aquário, é caxiense filha de Rubens de Oliveira Varela (in memoriam) e Leda Helena Basso Varela, dona de um coração doce acolhe em seu lar seis gatos, Gaia, Sol, Bianco, Lua, Cacau e Mingau. Conheça mais o que tempera os dias de Ana Lúcia neste simpático bate-papo!
O que tem sabor de infância? Banho de chuva e rolar na grama.
Ao lado de quem gostaria de ter sentado na época da escola? Gostaria de ter sido colega de Nair Bello, Lolita Rodrigues e Hebe Camargo, acredito que seria um ótimo quarto elemento.
Qual foi teu primeiro contato com a culinária? Fazendo um pudim de leite aos seis anos com minha mãe, em cima de uma cadeira para alcançar a bancada.
Qual refeição mais gosta? Café da manhã, almoço ou jantar? Café da manhã, de preferência em um hotel.
Quando e como aprendeu a fazer biscoitos? Em uma banca de revista, junto com meu marido, Valter Luís Corso, comprei uma revista específica de biscoitos e acreditei que seria possível fazer em casa. Isso foi há cinco anos. Nem conto como foram os primeiros, mas hoje ouso dizer que são pequenas maravilhas. Meu aprendizado foi muito intuitivo, buscando em livros as receitas e testando, testando. Fiz muitos amigos de cobaias, alguém sempre tem que provar.
Para quem são suas receitas? Para todos aqueles que amam as delicadezas da vida. Que cultivam em si, seu lado criança. Para aqueles que amam presentear com muito amor, pois é isso que minhas receitas e meus biscoitos representam, amor.
Qual o utensílio essencial na sua cozinha? A batedeira, pois com ela faço as massas dos biscoitos e o maravilhoso glacê real.
Sabemos que seu marido também tem uma trajetória próxima da culinária. Como se desenvolve essa parceria? Entre tapas e beijos (muito mais beijos, é claro). O Valter aprendeu com sua mãe, Lourdes Maria Leonardeli Corso (in memoriam), por teimosia e insistência dele, a fazer os fios de ovos. A Dona Lourdes era uma doceira de mão cheia, famosa na cidade pelas tortas que fazia. Ele expandiu e diversificou os doces feitos à base de ovos, sempre com o apoio de sua irmã, Eloisa Maria Corso. Isso ocorreu em 2006, quando largou a biologia e foi cursar gastronomia, se formou chef de cozinha. Surgiu então a Fio D’Ouro. Eu, sempre inquieta e precisando extravasar minha criatividade, comecei a fazer os biscoitos decorados. Resumindo, nossa parceria é enorme, tanto na cozinha, quanto na vida. Agora estamos no Le Marché Chic Boutique, que nos proporcionou oferecer o produto feito a mão e evidenciar como o amor tem força e poder.
Qual sua época preferida do ano e que receita de biscoito mais combina com ela? Natal, é claro. E com ele os biscoitos feitos com gengibre, cravo, canela e melaço. O verdadeiro sabor de Natal.
Um tempero de família: sal, pode parecer uma contradição, pois tanto eu como meu marido trabalhamos com açúcar, mas o sal tempera a comida, tempera a vida, é um conservante natural. Uma comida sem sal se torna nada palatável, mas na dose certa, qualquer picadinho é a melhor comida do mundo.
Já, tudo o que se produz com açúcar e com afeto resulta em... carinho seja ele qual for. Colo de mãe, beijo de vó, abraço de amigo e beijo de amor. Você só consegue trabalhar com açúcar se apreciar o que faz e tudo o que é feito com amor se transforma.
O que não pode faltar na mesa das festividades de fim de ano? Os fios de ovos elaborados pelo meu marido, para compor com a carne de porco e com as tradicionais frutas da época.
Traço marcante de sua personalidade? Criatividade e persistência. Para alguns, é teimosia.
Gostaria de ter sabido antes... que não se procura o amor, ele sempre está ao seu lado.
Se tivesse vindo ao mundo com uma legenda ou bula, o que conteria nela? Cuidado, alerta, esse produto pode te contagiar e criar dependência. Para alguns pode desenvolver reações adversas como intolerância, alergia e até indigestão.
O que te inspira? Tive duas grandes inspirações, meu pai Rubens de Oliveira Varela (in memoriam) e minha mãe Leda Helena Basso Varela, pessoas simples que ganharam seu sustento com as mãos. Meu pai, funcionário da então Metalúrgica Eberle, ajustador mecânico de primeira linha, metódico e perfeccionista, daí vem a minha mania de elaborar as coisas com o máximo de perfeição, e; minha mãe, costureira, que me ensinou o fazer manual, mexer com tecidos, com texturas, criar meus próprios brinquedos e amar as cores.
Quem são os mestres na sua área? Como meu aprendizado foi e é muito intuitivo, não tenho uma referência específica, mas em muitas coisas me inspiro em Buddy Valastro, o Cake Boss.
Você tem fome de quê? De vida, em todos os sentidos.
Uma mensagem aos leitores: a vida é uma dança ou uma batalha, depende somente de você decidir como irá enfrentá-la; se é dançando ou brigando. Acordar todas as manhãs é maravilhoso. Prepare-se para este dia. Tome seu banho, mentalize o que deseja. Escolha uma roupa que irá te deixar feliz, não precisa ser nova, mas tem que se sentir bem. Se arrume, perfume-se, isso não é vaidade, é amor próprio. Você só pode ser capaz de amar ao outro se for capaz de amar a si mesmo. Antes de sair de casa, olhe-se no espelho e diga: sou linda, sou lindo, sou forte, sou capaz. Somente assim saia de casa, lembrando que lá fora a vida pode ser uma batalha, mas você se preparou e irá dançar com ela.