Atire a primeira pedra quem nunca disse essa frase. Ultimamente, então, costuma ser proferida com assustadora frequência. E não é para menos. O número de informações recebidas em um dia é maior, por exemplo, da quantidade que o homem medieval tinha acesso em sua existência inteira. E haja cérebro para tal armazenamento. Portanto, acostume-se aos sucessivos lapsos de memória com os quais você se deparará. São tão recorrentes a ponto de se pensar serem de ordem neurológica. Na maioria dos casos, costuma ser apenas o resultado da sobrecarga de estímulos absorvidos. Mesmo sabendo que grande parte das agendas foi transferida para o celular. A questão, mais uma vez, reside em seu uso indiscriminado. Embora ele sirva como uma espécie de HD externo, o acúmulo de dados e notícias onipresentes provoca uma saturação na circuitaria interna. Normal sentir-se apavorado diante do mar de lacunas. O problema está em não mudarmos os comportamentos, fazendo da repetição algo angustiante de ser experienciado.
Não consigo lembrar
Somos filhos do nosso tempo. Se nos privamos das mínimas condições necessárias para a manutenção de uma boa saúde mental, certamente ocorrerão falhas em um ou outro conduto no ato de rememorar
Gilmar Marcílio
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