Ninguém disse que seria fácil. Educar uma criança ou a si mesmo demanda persistência e uma considerável dose de coragem. A gente nunca sabe o que vai encontrar dentro de um ser humano. Mas sempre vale a pena. O oposto é ir se deixando conduzir pelas circunstâncias, cumprindo ciclos biológicos, até a morte chegar. Evite ficar esperando as coisas acontecerem. Aprenda a olhar a realidade de frente, até a mais temerosa. E a interferir nela. A partir dessa tenacidade (e de muito treino mental) vamos perdendo o medo, enfrentando monstros — que afinal, veja só, não eram tão horríveis. Para obter bons frutos é necessário disciplinar a vontade. Num primeiro momento, pode parecer um exercício exaustivo. Depois acaba se tornando algo natural. Chamamos de hábito, um potente recurso à nossa disposição, para o bem e para o mal. Direcionado para a resolução de situações incômodas, pode levar à criação de comportamentos positivos, internalizados pela repetição. O grande problema está no fato de poucos estarem dispostos a investir em algo que exige tempo — essa palavra expulsa dos dias atuais. Talvez uma maneira eficaz de lidar com isso seja estar atento para o êxito obtido. Ao contrário, pessoas displicentes, desorganizadas mentalmente, tendem a compilar resultados ruins em sua agenda emocional. O que vem fácil raramente reside na mente. Devemos cavar fundo para adquirir solidez nas decisões.
Uma amiga fez essa observação: finja até se tornar verdade. Em outras palavras: a máscara vai colando no seu rosto. É como o cérebro processa as informações recebidas. Somos capazes de remodelar toda a arquitetura do pensamento se nos dedicamos com afinco através de uma reflexão continuada sobre o que desejamos transfigurar. Falta é dedicação e certa paciência em aguardar pela melhor solução. Mas, atenção: seja gentil consigo. Revista tudo com afeto, pois está fazendo pelo ser mais importante: você. Um dos erros envolvendo essa reestruturação é querer respostas imediatas. Se fosse dessa forma, nem precisaríamos meditar ou ir para a terapia.
Valer-se da frase “eu sou assim, difícil mudar”, é comodismo. Plantas e animais seguem um roteiro pré-determinado. Com os seres humanos é diferente. Temos a chance de reescrever o tempo todo nosso destino. Ele é a soma das ações praticadas. Nada é mais eficiente do que estudar a si próprio, pois conhecemos pouco o nosso mapa interior. Para evitar a desistência frente a algum fracasso, procuro manter uma relação de tolerância com meus erros. Posso me frustrar agora, porém, se insistir, a possibilidade de alterar circuitos cerebrais é enorme.
A boa notícia é: esse movimento nos entrega um ótimo retorno em qualquer fase da vida. Desista de usar a frase “já não tenho idade para isso”. É derrotismo antecipado. Faça dez, vinte, cinquenta vezes algo que lhe parece impossível. Quando você menos imaginar, será parte do seu modo de ser.
A naturalidade exige esforço.