Durante anos desconsiderei a ideia que vinculava os recursos mentais como determinantes para as conquistas almejadas. Pensava, enganosamente: o desejo importa, mas a ação é soberana. Hoje estou convicto da força do pensamento sobre os atos. Vontade e determinação são relevantes, ninguém pode negar. Mas os resultados mais admiráveis são obtidos por um conjunto de ideias hospedadas antes no cérebro. Alimentei por longos anos inúmeros propósitos e não os via encontrar sustentação na realidade. Percebo, depois de longa reflexão, quão precária era essa construção. Tudo me passava pela cabeça de forma ligeira, sem maior comprometimento. Desdenhava da força do inconsciente e de sua potência na realização dos sonhos, dos anseios. A leitura de vários ensaios de neurociência foi fundamental para alterar determinados paradigmas. A resistência, bem o sei, foi causada por acreditar que o esforço para alcançar múltiplos intentos pertence ao campo raso da autoajuda, e quanto a isso sempre fui severo em meu julgamento. Há similaridades a serem consideradas, embora envolvam elementos mais complexos.
Alexandre, o Grande, disse: “Os impérios são construídos primeiro dentro de nós mesmos”. E impregnava os discursos para seus soldados com essa verdade. O resto é história. Falta-nos perseverança e tenacidade diante dos pequenos revezes para alcançar alguns ideais de vida. Os caminhos são sinuosos e obstáculos podem ser um impulso, mais do que um convite à desistência. Agora, constato que diversos projetos se tornaram reais. Acaso ou mérito pela disponibilidade? Inclino-me a escolher como resposta a segunda opção. A tomada de qualquer decisão cobra de nós paciência reiterada. Ao tentar traduzir a trajetória que separa o sucesso do fracasso, deparo-me com os limites da linguagem. Com certeza não podemos atribuir tudo ao destino, pois uma fração significativa das mudanças está sob nosso controle. Essa distinção precisa ser reafirmada o tempo todo, sob risco de nos tornarmos passivos e desistentes. Eu quero e eu posso, repito para mim quando me surpreendo hesitante, duvidando da minha competência. Isso gera uma saudável confiança e ela permitirá assentar os pilares existenciais em bases mais sólidas.
Cada vida deve ser constantemente analisada para evitar repetirmos comportamentos ancorados no senso comum. Temos em nós um poder quase ilimitado, basta usá-lo. É mais cômodo, no entanto, valer-se do lamento a se empenhar em busca de soluções, pois exigem trabalho e persistência. É necessário explorar aptidões desconhecidas para ver inscrita em nossa trajetória a realização do que nos faz feliz. Conseguirei uma infinidade de coisas se o medo não me dominar. Coloco na equação um tanto de autoestima (na medida certa) e sigo convicto de ter muito a esperar do futuro. Avanço nos dias mantendo o entusiasmo.
O que serei amanhã já sou agora.