Gilmar Marcílio
Uma frase recorrente na conversa entre amigos: “Não me sinto com a idade que tenho”. Acho a observação ótima, embora o tempo, inevitavelmente, arrefeça certos ímpetos. Por outro lado, vai acomodando algumas ansiedades, substituindo-as pelo aquietamento. Acumulamos dentro de nós um manancial de experiências, possibilitando-nos agir com mais sabedoria. Em meio a essas subtrações e ganhos, uma atitude é fundamental para garantir espírito eternamente jovial: a convivência com pessoas de variadas idades. Acolher quem atravessou conosco a jornada e também amizades surgidas na maturidade. Há um arejar de pensamento, tão essencial para escapar da cristalização de conceitos cobertos de poeira. Uma das irrefutáveis leis da vida é a eterna renovação. Precisamos de pulsação, movimento. Do corpo e dos aspectos emocionais e psíquicos. Sou privilegiado por conviver assiduamente com meus estagiários, que injetam em mim doses de entusiasmo e ousadia. É bonito demais estar próximo de seres entrando de peito aberto em fase tão luminosa da existência. E não ser privado da vontade de conhecer e exercitar o companheirismo com essa plêiade de criaturas. Parece um arco-íris iluminando o crepúsculo. É uma felicidade surpreender-se disponível, cultivando o gosto pelo encontro e a aprendizagem.
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