Gilmar Marcílio
A literatura está coalhada de excelentes histórias sobre eles. São seres que se alimentam do sangue humano. Vivem de sugar, com afiadíssimos dentes, os pescoços alheios. Desde muito fazem parte do nosso imaginário, despertando fascínio e medo. Valendo-se de uma analogia, diversos estudiosos do comportamento vêm se dedicando a desbravar um tema espinhoso e pertinente: a semelhança entre certa maneira de nos conduzirmos e a dessas criaturas que despertam em nós emoções ambíguas. São os vampiros emocionais. Eles chegam perto de você e extraem, com simpatia e graça, o que há de mais solar, de melhor. Não estão nem um pouco preocupados com a reciprocidade nos relacionamentos. Desejam tudo para si, constantemente. E como os há! Nessa época de exaltação à individualidade - tão louvada e estimulada - a palavra compartilhar (fora das redes sociais) praticamente desapareceu. Parecem dizer: se é bom para mim, basta. Vou me abastecer da vítima e logo após encontrarei outra capaz de me nutrir. É quase impossível livrar-se deles, mas podemos, ao longo da existência, encontrar formas de nos proteger. Caso contrário, estaremos destinados a entregar a terceiros generosas fatias de um bem precioso: o nosso tempo.
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