O jornalista Henrique Ternus colabora com o colunista Ciro Fabres, titular deste espaço
Cinco araucárias às margens do Arroio Tega foram cortadas na segunda-feira (20). As árvores ficavam na Rua Luiz Covolan, no bairro Reolon, e tinham idades variadas, com no mínimo 20 anos cada uma. É o segundo caso de cortes em Caxias — e desta vez expressivo, com a supressão de cinco espécimes — desde que o Rio Grande do Sul foi assolado pela destruição causada pela chuva.
O diretor de Serviços da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), Ramon Sirtoli, justificou à coluna a necessidade dos cortes. Segundo Sirtoli, boa parte do talude nas margens do arroio foi levado pela força da água, após a cheia causada pelo volume expressivo de chuva, o que deixou as raízes expostas e as árvores sem sustentação.
— Tínhamos duas árvores que estavam danificadas com lesões bem graves. Precisávamos fazer intervenção para evitar algum acidente maior. Havia risco de cair sobre as casas, e não sobre o rio. É um caso que não tínhamos outra alternativa, a gente só faz aquilo que realmente tem que ser feito — justifica.
A compensação, entretanto, deve vir: segundo o diretor da Semma, a cada araucária removida, outras 15 precisam ser plantadas – serão 75 para esta situação, portanto. A prefeitura aguarda para fazer o plantio em bloco, reunindo obrigações de outros cortes. O local deverá ser o Mato Sartori, que vem tendo os ligustros substituídos por árvores de espécies nativas.
Em época de preservação urgente e conscientização ambiental atrasada, em todo o país, chama atenção a frequência com que essa prática se torna a solução encontrada pelos poderes públicos, enquanto a prevenção fica devendo.
O que mais disse o diretor
- "Se fosse uma árvore que aceitasse uma poda drástica, poderíamos diminuir a copa, reduzindo o peso dela, numa tentativa de salvar a árvore. Mas na araucária, como tem todo o peso concentrado no topo, não conseguimos fazer a redução do peso."
- "As raízes ficaram expostas e as árvores sem sustentação. Aterro (e contenção da margem do arroio) até conseguiria resolver, mas as raízes teriam que se adaptar ao novo solo, e não temos como saber quanto tempo levaria até isso acontecer. Segue sendo uma situação de risco."
- "Fizemos, nesse mês que passou, o plantio de 60, 80 árvores diversas, e também em torno de 100 pinheiros, no Mato Sartori. Entre o final do ano passado e o início desse ano, concluímos o plantio de duas mil araucárias no monumento Palanquinho, em Criúva."
300 plantas no Centro
Sobre o corte de um ipê na Rua Borges de Medeiros, quase esquina com Ernesto Alves, a Semma destaca que um galho projetado para a rua estava rachado, com risco de queda. A pasta enviou foto do detalhe da rachadura. A secretaria também informa que outra árvore será plantada no local, em substituição ao ipê, assim que a condição climática permitir. A secretaria ainda informa que uma licitação está em fase final para revitalizar a arborização e fazer o plantio de mais de 300 árvores na área central.