Neste momento de catástrofe climática, a Secretaria do Meio Ambiente (Semma) de Caxias do Sul autorizou corte de um frondoso ipê na Rua Borges de Medeiros, quase na esquina com Ernesto Alves. Ainda em setembro de 2023, o ipê havia florido como sabem florir os ipês (na foto). O corte foi feito na quarta-feira (8/5).
Segundo o diretor de serviços da Semma, Ramon Sirtoli, havia sido feita uma poda preventiva na árvore porque um galho tinha quebrado a vidraça do prédio em frente após chuvas e ventania. Como os galhos continuaram a se projetar em direção ao edifício, foi feita nova avaliação que decidiu pela supressão do ipê, considerando também a condição fitossanitária da árvore.
Prefeito disse: "Só se não tiver outro jeito"
Os eventos climáticos extremos ensinam da forma mais dura que devemos cuidar da natureza, e o manejo deve ser uma obrigação para preservar uma árvore. Essa, aliás, foi a orientação do prefeito Adiló, em um encontro em outubro com moradores do bairro Rio Branco. O prefeito foi incisivo:
– A gente só vai tirar a árvore se for de extrema necessidade, se não tiver outro jeito. Ou nós aprendemos a respeitar a natureza, ou não adianta se queixar do desastre que está acontecendo. Não se corte a árvore fora, porque parece que a árvore é o vilão. Nós temos que deixar as árvores viver. (...) É difícil colocar na cabeça das pessoas, elas não são nossas inimigas.
Mandamento de Adiló é esquecido
Segundo a Semma, o tronco do ipê tinha uma parte oca e um galho estava rachado, projetando-se para a rua, com dois outros galhos projetados contra o prédio. O que restou do tronco, cortado na base, apresenta-se maciço no local. Não se ignoram os riscos ao prédio. A alternativa do manejo, porém, deve ser buscada à exaustão. Na verdade, em março de 2014, há 10 anos, um galho da mesma árvore havia caído sobre um carro estacionado, a amparar as preocupações da Semma. Porém, essa é a condição das árvores em boa parte dos casos, em especial, as mais antigas. A receita, então, seria cortar árvores pela cidade? O mandamento de Adiló foi esquecido.