Causou repercussão na sessão da Câmara desta quarta a entrevista da secretária Daniele Meneguzzi ao Pioneiro (em 11/10). Entre outras afirmações, a secretária sugere ser ouvida de novo na CPI da Saúde, tece críticas à CPI, como “falta de foco”, e diz que “até agora, o que foi levantado, não é novidade” e que “já tínhamos ações em cima do que é levantado”.
A respeito dessas, que são as afirmações centrais da secretária Daniele sobre a CPI, poucas objeções foram colocadas pelos vereadores. Os parlamentares criticam o entendimento da “falta de foco”. Mas, sobre não serem novidades para a secretaria as descobertas da CPI, a vereadora Rose Frigeri (PT) ressaltou, especificamente sobre o tópico das irregularidades em horas médicas, que não batiam com serviços prestados ao InSaúde, o gestor da UPA Central:
– Por que não rompeu com o InSaúde quando viu que foi apontado pelo gestor que analisa os contratos que apontou que teve problema, no momento que descobriram a fraude? O contrato continua até agora. O contrato é claro, não precisa ser do Direito para entender: quando é rompido, quando tem uma fraude, tem que romper o contrato.
O tópico das descobertas não serem novidade para a Secretaria da Saúde, um ponto importante, não teve maiores ressalvas, a não ser essa citada pela vereadora.
Rose foi quem mais questionou, de forma substancial, a fala da secretária Daniele. Voltou a reiterar que a chamada “quarteirização” (no caso, e empresa que terceirizou serviços médicos para o InSaúde) é prática vedada em contrato.
Por fim, quanto à vontade da secretária Daniele em ser chamada de novo à CPI, Rose menciona:
– Quando a secretária esteve aqui, nós, a CPI já havia dito, inclusive, que provavelmente ela seria ouvida novamente. Eu lembro que eu falei que eu tinha mais umas 18 perguntas para fazer, mas que eu deixaria para um segundo momento.
Porém, o presidente da CPI, Rafael Bueno (PDT), vai na contramão de Rose. Rafael participou de forma online da sessão de ontem e não comentou a entrevista de Daniele. Ele estava em representação em um congresso sobre envelhecimento humano. Perguntado pela coluna sobre a intenção da secretária de depor novamente, Bueno foi lacônico:
– No momento, não existe indicativo para isso.
Pouca vontade de ouvir
Essa manifestação do presidente da CPI, Rafael Bueno, sobre “não haver indicativo” para nova oitiva da secretária, vai na contramão do propósito de uma CPI. Quanto mais uma CPI ouvir, melhor. E se a secretária pertinente quer falar, deixa que fale. Já havia causado surpresa movimento de vereadores de direita em barrar o pedido para oitiva da presidente do Sindiserv, Silvana Piroli.
Esta CPI não está com muita vontade de ouvir.
O que disseram os vereadores
“A secretária da Saúde desconhece, sim, a realidade das UBSs de Caxias do Sul. Eu não sei em que mundo a secretária está vivendo.” Juliano Valim (PSD)
* Valim disse na sessão anterior que a UBS Serrano estava sem médico.
“Se a senhora afirma que o relatório (da CPI) está pronto, eu peço que a senhora prove.” Estela Balardin (PT), relatora da CPI da Saúde
* Na verdade, a secretária não fez a afirmação, mas sim um questionamento.
“Posso discordar de algum ponto da fala da secretária, mas ela foi corajosa em se posicionar e se colocar à disposição, pedindo para a CPI que convoque ela novamente para dizer algumas verdades.” Olmir Cadore (PSDB)
“Por que não romperam com o InSaúde no momento que descobriram a fraude?” Rose Frigeri (PT)
* Sobre irregularidades em horas médicas, que não batiam com serviços prestados.